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Comentário Suíno

Comentário Suíno - Relatório World Pork Expo

<p>O tradicional evento suinícola de Iowa (EUA), serve um pouco de termômetro para o setor. Nosso colunista relata o pessimismo crescente nos produtores americanos e o reflexo disto na produção.</p>

Na última semana Des Moines, no Estado de Iowa (local da World Pork Expo), registrou tempo bom e ensolarado. Porém, havia nuvens escuras sobrevoando os produtores e representantes industriais. Dois anos de perdas financeiras quase constantes “rasgaram” bilhões de dólares da indústria suinícola dos Estados Unidos. Os altos preços da ração, a crise global e, agora, a gripe A(H1N1) – chamada inicialmente de “gripe suína” – fez nossa indústria decair. As implicações observadas na World Pork Expo são as seguintes:

– Vimos poucas pessoas conhecidas na World Pork Expo. Nós acreditamos que os produtores que compareceram não refletiam o sentimento da indústria global. Os mais positivos compareceram, os negativos ficaram em casa. O declínio de produtores na exposição foi uma indicação da falta de positividade em nossa indústria.

– Ouvimos de vários produtores e participantes da feira a necessidade de um novo descarte de reprodutores suínos. Os números variam de 300 a 600 mil matrizes, as quais seriam necessárias descartar para se para obter preços rentáveis. Deus nos ajude se isso for verdade. Para se chegar a este número animais descartados, nossa expectativa seria de perdas de mais de US$ 20 por cabeça por quase um ano.

– Diversas indústrias embaladoras nos relataram problemas com a demanda de carne suína. Desde o surto do H1N1, apenas com baixos preços há movimento no setor. O lucro foi tirado. A falta de elasticidade da demanda suína nos prejudica muito. Este é o nosso dilema. O preço do suíno está 15 centavos mais baixo comparado com um ano atrás (US$ 30 por cabeça). Nós temos poucos suínos. Se não houver recuperação, serão de seis a oito meses de perdas contínuas. O melhor da história sobre o H1N1 é que não há histórias.

– Uma reflexão sobre o que o H1N1 fez para a demanda mundial é a história de um produtor na República Dominicana. Quando o H1N1 surgiu, ele não podia vender nenhum suíno por duas semanas. Agora eles são vendidos, mas com 30% de desvalorização, comparado ao patamar pré-H1N1.

– Um representante industrial nos contou que foi visitar seu escritório em Connecticut. Ele explicou que as pessoas no escritório acreditavam que a carne suína era segura, mas diziam: “Por que arriscar a saúde de meus filhos?”. A nota que diz “Carne suína é segura, se for cozida adequadamente” não soa como reconstrutora da confiança do consumidor. Observe que o preço do frango aumentou desde H1N1.

– Conversamos com empresas farmacêuticas e grupos veterinários. Eles acreditam que deveria haver uma política nacional para vacinar todos os suínos e trabalhadores contra o H1N1. Isto seria interessante. Em 1976, quando os Estados Unidos tiveram o último surto de “gripe suína”, acredita-se que muito mais pessoas morreram de uma reação à vacina do que com a gripe propriamente. Não temos certeza de como uma política de vacinação nacional poderia ser implantada. Uma discussão como esta é vista de forma negativa pelos mercados. O medo não pode dirigir a demanda pela carne suína.

Resumo

Houve pouca alegria na World Pork Expo, mas como de costume, havia pessoas olhando para o futuro. Os produtores que têm os seus próprios grãos têm resistido à tempestade financeira melhor do que outros. Infelizmente não é exagero quando jogadores veteranos dizem que esta é a pior crise de todas. O H1N1 paira sobre nós. Só o fato de que um grupo de suinocultores quererem pôr em prática um programa de descarte já indica como a situação é ruim. No final do dia, a direção da indústria depende do apelo de milhares de produtores individuais, tomando as suas próprias decisões. Não há um corpo monolítico pensando sobre o futuro. Haverá suínos. Há uma semana, na Rússia, vimos porcos por mais de US$ 1,00 a libra. A carne suína continua sendo a número um no mundo. A demanda vai se recuperar do H1N1, mas a questão é quando e quanto isto vai custar.

Programa de “aposentadoria” do produtor

Há um grupo que está colocando em prática algo já planejado nos Estados Unidos. A Dairy Buyout está desenvolvendo um programa de “aposentadoria” para matrizes. A meta inicial é arrecadar US$ 50 milhões por meio de um pagamento voluntário de US$ 20 por matriz. O grupo acredita que a única solução para a suinocultura americana é diminuir radicalmente o número de matrizes. Na visão deles, todos os principais produtores têm interesse em participar e cortar sua produção. Se os US$ 50 milhões forem alcançados, os suinocultores podem decidir, então, pelo descarte das matrizes.

Por exemplo, você tem mil matrizes e se oferece para participar por US$ 100 por cada matriz. A proposta é aceita. Você começa a receber US$ 100 por animal. Em troca, os descartes são iniciados e você deve ficar fora da suinocultura por dois anos.

Autor: Jim Long Presidente da Genesus Genetics  
Tradução: Redação Suinocultura Industrial