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Comentário Suíno

Comentário Suíno: Viagem à Rússia

<p>Suinocultura russa registra boa lucratividade e investimentos devem crescer. Segundo Jim Long, o Brasil é o "bode expiatório" dos produtores locais, que acusam o País de praticar dumping.</p>

Na semana passada estivemos na Rússia participando da exposição agrícola “Golden Autumn” em Moscou. Nossas observações:

– A crise financeira mundial atingiu a Rússia da mesma forma que em outros países, e muitos projetos estão paralisados. Parece que a economia está se recuperando, mas o financiamento ainda é difícil de obter.

– Suinocultores estão vivendo no que consideramos na América do Norte uma utopia. O mercado de suínos da Rússia está conseguindo cerca de US$ 250 por animal e ainda US$ 100 de lucro por suíno. Na verdade, nós estivemos com um casal de produtores que estavam infelizes com o lucro de US$ 100 que obtiveram, pois, por um tempo, eles fecharam seus lucros próximos dos US$ 150. Boo hoo!

– Existe um grande interesse em continuar a expandir a produção suinícola do país. O governo russo está destinando US$ 35 bilhões para investimentos em agricultura. Fomos informados por um casal de produtores que as aprovações de crédito são extremamente lentas.

– O Brasil parece ser o “bode expiatório” dos produtores russos, ao qual eles chamam de “dumping pork” [que seria a carne suína sendo vendida a preços bem abaixo do que é praticado pelo país exportador, por um tempo determinado, visando prejudicar produtores locais]. Não sabemos se esta prática de fato ocorre, mas o preço do suíno brasileiro é 40% do valor do suíno russo.

– Ainda existem milhões de hectares de terras agrícolas sem uso na Rússia. Grandes áreas estão sendo selecionadas para a criação de propriedades agropecuárias menores, estimulando a Ag Equipment [agência de desenvolvimento] a realizar investimentos. Algumas terras são alugadas por grupos de investimento por cerca de US$ 7 por acre, por 49 anos. Podemos pedir ao programa de etanol de milho dos Estados Unidos, que elevou o preço dos grãos, para incentivar o “re-desenvolvimento” de terras para o insumo. Acreditamos que US$ 7 por acre de terra criaria um negócios de longo prazo na agricultura de grãos.

– Vários negócios de arrendamento de terras disponibilizadas pelo governo condicionam que nela devem ser desenvolvidas algum tipo de produção animal. Por exemplo, um grupo que arrendou 44 mil acres no ano passado. Agora, eles iniciaram a construção de sua primeira unidade de matrizes com capacidade para 15 mil animais. Este modelo de suinocultura na Rússia, em propriedades deste tipo, cresce com o cultivo do próprio grão. A lavoura é adubada com os dejetos dos suínos e cada propriedade abate seus próprios animais. Algo verdadeiramente integrado.

– Temos esperança de que este grupo irá trabalha com a Genesus. Em uma recepção na Embaixada canadense, o diretor da empresa quis, de toda a forma, tirar uma foto conosco e com o presidente do Conselho Canadense de Assuntos Exteriores do Senado, que era convidado de honra. Mas, ele disse ao presidente do grupo em que atua que havia escolhido a Genesus porque a empresa é a melhor do mundo. Foi bom ter este reconhecimento em um país estrangeiro, dito para um dos principais membros do governo canadense.

– Também na recepção da Embaixada do Canadá, vimos o ministro da Agricultura canadense, Gerry Ritz. Perguntamos sua opinião sobre o novo programa de garantia de empréstimos para os suinocultores canadenses. Ele disse, com satisfação, que o governo proíbe que os bancos honrem um empréstimo (garantia) executando a hipoteca de uma granja de suínos. Tal atitude protege os produtores de bancos agressivos.

– Como já comentamos, estávamos no avião que saiu de Moscou para voar 800 milhas rumo a Krasnador – situado entre os mares Negro e Cáspio. Esta é a melhor área agrícola da Rússia. Estamos conhecendo clientes e as perspectivas destes encontros e mais observações sobre o mercado russo nós abordaremos na próxima semana.

Mercados

– A internet nos permite seguir o mercado americano de casa. Observamos que o milho continua a subir, atingindo US$ 3,62 o bushel na última semana. O USDA mantém a previsão de aumento de área de produção e o preço continua a aumentar. Claro que seria bom se o aumento da produção de carne suína pudesse lidar com preços mais elevados.

– As cotações da última sexta-feira do índice Iowa-Minnesota ficou em US$ 48,37 a carne magra, o que provavelmente significa que uma quantidade enorme de produtores continua a perder US$ 30 por cabeça. Estes prejuízos financeiros continuam a influenciar o crescimento do abate de matrizes, com mais de 68 mil animais abatidos no último relatório semanal divulgado. Acreditamos que o relatório de matrizes nos Estados Unidos e Canadá indique a diminuição em mais de dez mil animais por semana.

– Na semana passada verificamos certa reação nas cotações da carne suína nos mercados futuros, com o contrato de junho, fechamento na sexta-feira, em US$ 72,375. Não é fantástico, mas conseguirmos quase US$ 50 por cabeça é melhor que conseguimos até agora. A Bolsa de Chicago está apostando que a demanda do verão será maior e a oferta menor. Esperamos o mesmo.

– A comercialização de suínos na semana passada, nos Estados Unidos, foi de 2,299 milhões de cabeças. Número menor na comparação com o ano passado, com 2,374 milhões. O último levantamento de peso dos animais do índice Iowa-Minnesota foi de 268,4 libras. Ou seja, 2,5 libras superiores há mesma semana em 2008. Considerando não muitas semanas anteriores, ano após ano, os pesos subiram cerca de 8 libras. Com o final de ano se aproximando, o aumento de peso é positivo para a atual oferta.