Ao cumprimentar a Gessulli Agribusiness por esta iniciativa de levar ao leitor sempre mais informações e oportunizar ao setor espaço para que se possa disseminar conhecimento e opiniões, gostaria de abrir um espaço para uma discussão sobre visão e políticas publicas da nossa suinocultura, dentro do meio suinícola em que vivo e me identifico.
Senti na pele como suinocultor quando fui obrigado a optar pelo modelo de verticalização direcionado pelas agroindústrias ou seguir carreira solo neste mercado conhecido como independente. Durante meus 7 anos na presidência da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), pude entender de forma mais clara e abrangente o que se fala e como se fazem as políticas governamentais do setor e o que realmente é a suinocultura brasileira.
Nosso Estado catarinense talvez seja o exemplo mais claro de tudo isso: quando assumi a entidade em maio de 2003 em uma das mais duras crises do setor, fiz uma análise do que representava economicamente a atividade aliada ao descompasso financeiro entre custo de produção e valor recebido por quilo de suíno comercializado. Era visível o caos econômico. Imaginei que com facilidade conseguiríamos sensibilizar os poderes políticos. Exemplos como esse vivi, muitas vezes, até perceber que o choro era grande, porém, não eram muitos os que choravam.
A cada melhora no preço do suíno, abertura ou reabertura de mercado, as comemorações eram grandes, o espaço a ser dado as lideranças na imprensa eram grandes, notícia de capa. Mas, quando olhávamos ao redor, poucos comemoravam. Foi aí que percebi que temos duas suinoculturas diferentes; a que compra e vende e a que presta serviço, a que corre ou enfrenta riscos e a que simplesmente trabalha.
Modelos a parte, todos os investimentos feitos, todas as ações, principalmente no campo da defesa sanitária e na abertura de mercados para a exportação, são focados na grande agroindústria e seu modelo verticalizado. Nada contra. As oportunidades existem para todos, mas em Santa Catarina, são abatidos diariamente mais de 12 mil suínos oriundo deste setor não integrado. Suínos que são processados em pequenas ou medias agroindústrias que precisam e merecem ter um tratamento diferenciado. E aí, desafios ou oportunidades?
Surge o Instituto Nacional da Carne Suína (INCS), visão de cadeia, foco no mercado.
Wolmir de Souza, presidente do Instituto Nacional da Carne Suína (INCS)