Não consigo acreditar que as dificuldades ou crises da suinocultura sejam insolúveis. Apesar de ainda não ver mos uma solução em curto prazo, não acredito que estamos com os dias contados. Nem mesmo o setor chamado de “independente”. Fico me perguntando, nos últimos talvez 10 anos, desde a explosão ou expansão do modelo integrado ou verticalizado, o que fizemos de diferente? Tanto produtor como pequena e média industria repetiram os mesmos erros de levar suínos vivos a longa distancia e vender carcaças no mercado para que outros agreguem valor e renda.
Embora possa ser uma ação emergencial, tirar suínos de estados produtores e levar às regiões consumidoras muitas vezes com benefícios tributários não tem se mostrado uma atitude eficaz no combate ou diminuição dos resultados negativos – até porque tudo isso gera ouro tipo de custo ou perda. Quando poderíamos levar um volume bem maior de animais no mínimo abatidos se não industrializados temos perda por quebra e mortes sem contar o estressse animal, que fica as vezes mais de 24 horas em cima de um caminhão. Esta cultura ou tradição precisa ser banida do mercado sunicola, até mesmo porque se o preço em outros estados for maior e inundarmos de suínos de outras regiões, o que deve acontecer é o recuo dos preços também por lá.
Nossos governantes têm se mostrado incapazes ou talvez alheios as nossas dificuldades. Por isso tem sido alvo de inúmeras criticas por parte do setor e suas lideranças; será que nossos pleitos têm sido claros e objetivos? A quem interessa ou quem são os beneficiários de nossos pedidos?
Sabemos que esta é uma realidade de apenas uma pequena fatia da suinocultura brasileira e que algumas medidas podem ser gerais, mas a grande maioria delas são exclusivas e diferenciadas. Quando falo em fazer algo diferente, começo em alterar nossa pauta de reivindicação.
Com exceção do abastecimento de milho que sempre é pauta, prorrogação ou anistia de dividas, recursos para retenção de plantel, intervenção do governo na compra e distribuição ou armazenagem de carnes, proibição do aumento de plantel e tantas outras pleitos já tradicionais e conhecidos mesmo que venham acompanhados de mobilizações ou ameaças geralmente fracassadas. Não conseguimos sensibilizar ninguém tão menos gerar credibilidade às entidades proponentes.
Precisamos usar um pouco mais nossa inteligência ou criatividade para fazer algo diferente, não necessariamente novo, pois temos exemplos a serem seguidos. O que não podemos é continuar fazendo as mesmas coisas e esperar que o resultado seja outro. Precisamos, acima de tudo, ter um plano ou, ao menos, entendimento único sobre este tema o que não acontece hoje e depois sair mos desta condição de vítimas para atores da mudança, governantes não são os responsáveis pela busca de soluções ou alternativas, eles podem viabilizar nossos projetos desde que tenham sustentação econômica e social sendo consenso entre os proponentes e o setor.
Por Wolmir de Souza, presidente do Instituto Nacional da Carne Suína (Incs)