A falta de uma política agrícola adequada a realidade e as diversidades deste País têm provocado alterações e mudanças na cultura – não somente da terra, mas na cultura e nos objetivos de um povo.
A busca por alternativas de renda dentro do agronegócio brasileiro fez com que verdadeiros desbravadores oriundos principalmente do Sul do Brasil fizessem do Centro-Oeste brasileiro um dos principais celeiros do mundo em produção de alimentos principalmente de origem vegetal.
Produção em larga escala, consumo em outros estados – onde frete e impostos tiram lucratividade e competitividade – mudam o cenário brasileiro. Com propósito de agregar valor ao grão e melhorar a rentabilidade através da produção de carnes, principalmente suínos e aves, produtores originários do centro sul do Brasil, migram para o Centro-Oeste.
Com certeza os resíduos (dejetos) – que aqui são problemas – lá são muito bem vindos, melhorando ainda mais a produtividade e diminuindo os custos.
Sem dúvida o grande objetivo desta migração foi deixar de vender grãos para vender carnes, transformar proteínas vegetais em proteínas animais – agregando renda e diluindo os custos.
Hoje, com um mundo globalizado e as políticas internacionalizadas, geridas por moeda internacional e negociadas em bolsa de valores, o milho – principal insumo na produção de carnes e produzidos em grande escala nestes estados – que era comercializado entre R$ 5 e R$ 8 a saca, saltaram para algo em torno de R$ 18 a R$ 20 reais.
Mais trabalho no Sul- Talvez os números não sejam bem estes, porém a verdade é: quem produz suínos na região sul não é porque gosta de trabalhar aos sábados, domingos e feriados. Não é pela simples paixão pelo animal ou pela atividade.
Na verdade, a falta de uma remuneração justa pelo suíno fez com que o valor fosse pressionado. E repito: Era justo ao produtor de milho e o que acontece hoje é esta migração da atividade suinicola, fazendo com que o valor do milho aumente nos estados do Sul, inviabilizando nossa produção e nossa economia – já que nossa base sustentável está na produção de carnes e leite.
Acredito que se buscassemos mecanismos que melhorassem a renda do suinocultor através do grão, meios de transportes e diminuição da carga tributária teríamos fortalecidas nossas identidades e particularidades, fazendo com que cada produtor em cada região tivesse renda dentro do que sua atividade.
Precisamos rever nosso foco sob pena de tirar do sul a sua principal identidade. Uma região onde a dependência de grãos de outros estados é cada vez maior, inviabilizando um modelo já instalado e um histórico com alto grau de profissionalismo já definidos.
Por Wolmir de Souza, presidente INCS