Na semana passada, visitamos o México. Nossas observações sobre a indústria de carne suína mexicana seguem:
O plantel de matrizes mexicano se estabilizou em cerca de 650.000 fêmeas após a queda livre partindo de um milhão de fêmeas três anos atrás. As perdas financeiras, dificuldades para obter crédito bancário, o choque de preços de grãos e o fiasco do vírus H1N1 martelaram a base da produção.
Atualmente o preço do suíno no México está oscilando em torno de 22 pesos por quilo (US$ 1,76/kg peso vivo). Bons produtores poderiam estar ganhando lucro em torno de US$ 60,00 por cabeça. A velha ditada que a cura mais certa para preços baixos são os próprios preços baixos – soa verdadeiro novamente.
Os preços dos insumos de ração no México saltaram nos últimos meses. DDGS (subproduto da fabricação de etanol) dos EUA têm chegado em grande volume aqui. É claro que somente a melhor qualidade está sendo enviada. Disseram-nos que, apesar disso, parece haver problemas de produção relacionados a DDGS. Fungos com mico toxinas, teor de proteína não confiável, estão levando a problemas de produção. Faz parte da maldição do etanol de milho. Provoca aumento do preço do milho, que impulsiona o uso do DDG de menor custo e, em seguida, prejudica a produção de suínos. Na verdade é uma combinação de maldições, cortesia da política de subsídios mal concebida do governo dos EUA.
A economia mexicana foi duramente atingida pela recessão global. O PIB caiu. As indústrias de processamento de carne suína com quem conversamos disseram que a demanda por carne suína é fraca. O preço da carne suína é alto relativo a uma renda per capita baixa, equivalente a 20% da dos EUA, levando a baixo consumo de carne suína e de outras carnes. Um aumento na economia geral do México aumentaria a demanda de carne suína.
México recentemente colocou uma tarifa de 5% sobre presunto com osso proveniente dos EUA. Disseram-nos que esta foi uma retaliação do fato que os EUA não cumpriram um acordo de frete rodoviário que teria permitido que caminhões mexicanos operassem nos EUA. Parece que o Sindicato dos Transportadores ganhou – produtores de suínos nos EUA perderam. Existe um acordo de livre comércio norte-americano – NAFTA. Trata de bens e serviços – mas pelo jeito não todos os bens e serviços.
Nós visitamos um cliente da Genesus perto de Dolores Hidalgo, no México. É uma granja de suínos com a última tecnologia, provavelmente uma das poucas unidades novas construídas no México nos últimos tempos. É muito bom ver pessoas comprometidas e acreditando no futuro da produção de suínos.
Dolores Hidalgo é o local onde a Revolução Mexicana começou 200 anos atrás (16 de setembro, 1810). Dolores na semana passada ainda estava comemorando o evento, que encerrou o domínio colonial da Espanha. Pudemos assistir a uma encenação da noite fatídica, quando um padre chamado Hildago tocou os sinos da igreja para iniciar a revolta. Nas nossas viagens, visitamos muitos lugares no mundo, e continua a maravilhar-nos a busca histórica das pessoas pela liberdade. As pessoas querem oportunidades para si e para seus filhos, para ter e fornecer alimentos e abrigo. É a mesma coisa em toda parte. México não foi diferente. Quando uma elite controla um país com pouca consideração para o bem estar da população em geral, as coisas tendem a mudar.
Outras observações
Na última quinta-feira o USDA publicou o Relatório Trimestral de Estoques de Grãos e Oleaginosas. A grande novidade foi que havia 300 milhões de bushels a mais em 01 de setembro em comparação com a estimativa média do comércio. (USDA 1,708 bilhões de bushels – média estimada pelo mercado 1,407 bilhões de bushels.). O resultado: uma queda de limite de 30 centavos no preço do bushel de milho. Na semana, o milho caiu 56 centavos por bushel. Esta é uma ótima notícia para os produtores de suínos que ficaram apavorados com o aumento no preço do milho de US$ 1,50 por bushel desde 01 de julho.
Na semana passada, foram comercializados 2,191 milhões de suínos nos EUA; no ano passado na mesma semana foram 2.336 milhões. 2,191 milhões é ainda um monte de porcos. Acreditamos que os preços vão ficar firmes nas próximas semanas, mas semana após semana com 2,2 milhões suínos vendidos vai evitar novos aumentos no preço (sexta-feira da semana passada, o preço Iowa-Minnesota era 76,55 centavos por libra de carcaça magra). Um ano atrás, a carcaça magra valia 50,02 centavos por libra. Em um ano, a diferença é de US$50 mais por cabeça. Esta é uma diferença enorme, mas muito necessária.
O relatório de setembro de carne armazenada no frio mostrou um estoque de 6.890.000 libras-peso de barriga: no ano passado eram 48.958.000. Este ano, 14% do estoque de um ano atrás. Quase nada de barriga em armazenamento é um fator muito positivo para os preços do suíno e cortes no atacado. O preço de barriga hoje, US $ 1,30 por libra a vista, dá um apoio forte ao preço do suíno.
O preço médio de fêmeas descartadas entre 225 e 250 kg de peso vivo nos EUA na semana passada era 62,64 centavos por libra; um ano atrás era 30,86 centavos por libra. Isso é uma diferença de mais de US$ 150 por cabeça ao longo de um ano. Isto é um reflexo da situação de oferta e procura. No ano passado, com o preço baixo de suínos, mais fêmeas foram descartadas. Este ano o mercado de suínos é forte e menos fêmeas são descartadas.
Resumo
A queda nos preços dos grãos é positiva. Estranhamos há algum tempo como o mercado poderia sustentar preços altos, já que não houve nenhum aumento global na produção de animais que consomem grãos. O Hemisfério Sul (Brasil, Argentina, Austrália, etc.) está plantando agora (sua primavera). Vão plantar bastante área, pois preços elevados sempre incentivam um aumento na área plantada.
Tradução: Genesus Inc.