Você tinha conhecimento de que, no Islamismo, existem diretrizes específicas para a alimentação dos seus seguidores? Essas orientações emanam da Sharia, a Lei Islâmica fundamentada no Corão, nos discursos e comportamentos do profeta Maomé, e na jurisprudência das fatwas, que são os pronunciamentos legais dos estudiosos da religião.
Essa lei aborda os costumes e a vida cotidiana dos muçulmanos, envolvendo aspectos como orações, direitos familiares, vestimentas, negócios e justiça, entre outros. Tudo aquilo que está em conformidade com as leis islâmicas e não viola seus preceitos é considerado “halal”.
No âmbito da alimentação, os alimentos halal são aqueles permitidos por Deus e que promovem a saúde humana, conforme estipulado no Corão. Conversamos com especialistas sobre o significado da comida halal, a extensão do seu mercado no Brasil e sua importância para os muçulmanos. Confira:
O que é a comida halal?
De acordo com Chaiboun Darwiche, CEO da SIILHalal, uma empresa de inspeção islâmica, a palavra “halal” significa “permitido” ou “lícito” em árabe. Ele explica que a comida halal segue os ensinamentos do Corão e as práticas tradicionais islâmicas, garantindo que os alimentos sejam obtidos, preparados e consumidos de acordo com as leis islâmicas. Além da alimentação, o conceito de halal abrange ética e moral em diversos aspectos da vida, como ambiente social, conduta, justiça, vestimentas e finanças.
Alimentos halal são aqueles que, desde sua produção, envolvem matérias-primas isentas de produtos haram (proibidos para consumo muçulmano). Além disso, esses produtos devem utilizar mão de obra e embalagens que não prejudiquem a saúde humana nem o meio ambiente.
A dieta halal não se limita a pratos específicos, incluindo uma variedade de alimentos como biryani, kebab, falafel, hummus, além de carnes como frango e bovina, desde que abatidas conforme as exigências islâmicas conhecidas como zabiha.
Regras da alimentação halal:
Para garantir a conformidade com a Sharia, existem regras na preparação e comercialização de alimentos halal. Muçulmanos não podem consumir porco nem seus derivados, álcool etílico e outras substâncias proibidas pelas leis islâmicas. O abate de frango ou carne bovina deve seguir rituais específicos, visando garantir uma morte humanitária e em conformidade com os ensinamentos islâmicos.
Peixes são considerados halal por natureza, enquanto animais como suínos são proibidos. Vegetais, frutas, sementes e produtos minerais ou químicos também podem ser halal, desde que não causem danos à saúde.
Certificação halal:
A certificação halal é obtida por meio de uma avaliação documental e uma visita de auditoria, feita por um profissional da área junto a uma autoridade religiosa, para garantir que a produção esteja em conformidade com os preceitos da Sharia. A certificação é válida por três anos e libera a prática halal na produção, armazenamento e comercialização dos produtos.
Essa certificação pode ser emitida por agências governamentais ou organizações islâmicas reconhecidas. No Brasil, exemplos de certificadoras incluem FAMBRAS Halal, SIILHalal, CDIALHALAL, Centro Halal da América Latina, Alimentos Halal Brasil e Federação Islâmica do Brasil (FIB).
Muçulmanos e a dieta halal:
Embora o ideal seja que todo muçulmano siga as diretrizes da dieta halal, nem todos conseguem fazê-lo devido a circunstâncias pessoais ou limitações. Alguns entendem que ingredientes halal podem não estar facilmente disponíveis, e, na falta de opções, podem recorrer a alimentos não-halal.
Posso adotar a dieta halal?
Embora seja um preceito islâmico, a dieta halal é adotada por pessoas de outras religiões por razões pessoais, como preferências alimentares, confiança, qualidade de vida ou respeito à cultura muçulmana. O Brasil é o maior exportador de alimentos halal do mundo, indicando a crescente demanda global por esses produtos.
Em resumo, a dieta halal vai além da alimentação, refletindo valores éticos e morais em vários aspectos da vida, e seu alcance vai muito além dos praticantes do Islã.