A produtora rural Graziele de Camargo, líder do movimento SOS Agro RS, expressou descontentamento sobre a burocracia que tem dificultado a implementação das medidas de auxílio ao setor agropecuário no Rio Grande do Sul. Seis meses após a catástrofe climática que devastou o Estado, ela destaca que muitos pequenos produtores ainda não conseguiram retomar suas atividades, criticando a falta de efetividade das propostas. Em audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, Graziele enfatizou que as soluções oferecidas pelo governo não têm sido suficientes para cobrir as perdas sofridas, especialmente entre agricultores familiares, e pediu um apoio mais robusto para que possam plantar a safra de 2024/25.
Luis Fernando Pires, assessor da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), complementou o discurso, apontando que a linha de crédito solicitada pela entidade em maio — que inclui um pedido de R$ 20 bilhões com 15 anos de prazo, dois anos de carência e juros de 3% ao ano — ainda não foi atendida. Ele sugeriu que o prazo para renegociação de dívidas fosse ampliado e criticou a pouca efetividade do fundo garantidor para facilitar o acesso a novos financiamentos.
O evento também contou com a presença de Lérida Pivoto, da Fetag-RS, que enfatizou a necessidade de apoiar agricultores familiares endividados antes mesmo das enchentes. Ela destacou que muitos não possuem mais suas propriedades e estão enfrentando dificuldades com financiamentos.
Em resposta, Wilson Vaz de Araújo, secretário-adjunto de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, mencionou que o governo está em diálogo com o Ministério da Fazenda e a Casa Civil para ampliar o orçamento do Fundo Social e fortalecer a linha de capital de giro para o setor. Além disso, o subsecretário Gilson Bittencourt informou que o governo pretende conceder R$ 5 bilhões adicionais e anunciou que mais de 82 mil produtores já pediram descontos em dívidas, com a maioria dos pedidos validados.
A situação reflete um setor ainda em recuperação, com demandas por ações mais céleres e eficazes que possam atender a extensão das perdas e permitir a continuidade das atividades agrícolas no Estado.