Para baixar os gastos com a conta de luz, condomínios do Rio têm recorrido a uma nova modalidade de acesso a sistemas de energia solar: o aluguel tanto dos equipamentos quanto do serviço. Uma vez contratados, os projetos permitem uma redução entre 10% e 20% do valor da despesa dos edifícios, mas, em alguns casos, a economia pode chegar a 30%.
A instalação da usina nos terraços envolve uma série de procedimentos, que são praticamente todos executados pela empresa fornecedora, sem nenhum custo inicial. O pagamento pelo aluguel dos equipamentos e pela prestação dos serviços só começa a ser feito a partir da geração da energia solar.
A maior facilidade de pagamento é o principal atrativo para os condomínios, uma vez que uma usina de geração de energia solar pode custar até R$ 1 milhão. Somente a administradora Cipa, por exemplo, tem 30 projetos em andamento em edifícios do Rio, após fechar uma parceria com a startup gaúcha Edsun.
“O fato de não haver nenhum custo inicial foi decisivo. Um condomínio não é uma empresa com orçamento disponível para fazer grandes investimentos. Então, tiramos essa barreira”, relata Bruno Queiroz, gerente de Novos Negócios da Cipa.
Segundo ele, a projeção para um condomínio da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, por exemplo, é de redução da conta mensal de energia de cerca de R$ 20.200 para aproximadamente R$ 16.700.
“Quanto menor a conta, menor a economia, claro. Alguns condomínios muito pequenos não têm uma demanda muito alta de energia. Então, o projeto precisa de uma avaliação pra ver se ele se paga. Mas qualquer condomínio de médio pode adotar. Nós temos projetos em condomínios de 100 a 700 unidades”, conta Queiroz.
Para se ter uma ideia da economia gerada em condomínios de outras proporções, Cristiano Meditsch, CEO da Edsun, explica que um condomínio que gasta, em média, R$ 10 mil com a conta de luz reduz o valor para algo entre R$ 7 mil e R$ 8 mil, incluído o aluguel do sistema. Ele esclarece que contas a partir de R$ 2 mil por mês já viabilizam a contratação do projeto. E detalha:
“Temos duas fases de aluguel. Na primeira, que pode ser de até 120 meses, amortizamos o investimento. Após isso, o condomínio tem a opção de comprar a usina, pagando mais quatro parcelas no mesmo valor da fase 1. Mas, se não optar pela compra, reduzimos o valor do aluguel por tempo indeterminado para apenas 10% do valor da primeira fase”.
Segundo Meditsch, a preocupação ambiental, uma vez que a energia solar é considerada limpa por não agredir o meio ambiente, tem aumentado cada vez mais entre os condôminos que concordam com a contratação do sistema. Porém, o fator econômico é o que ainda mais pesa na decisão:
“Nas últimas pesquisas feitas pelo setor, quase 93% dos brasileiros que procuram energia solar o fazem por redução de custo. E apenas 2% pela questão da sustentabilidade”.
Paulo Badin, síndico do condomínio Cores da Lapa, no Centro do Rio, conta que durante a realização de uma assembleia os moradores aprovaram a proposta da empresa Hum Energia Renovável, que vai instalar um modelo misto, com 76% da energia produzidos nos terraços dos prédios e 24% fornecidos pela empresa, em forma de aluguel.
“A mensalidade que pagaremos à empresa de energia é 12% mais barata do que a média da nossa conta de luz. Hoje, seria uma economia anual de R$ 130 mil. E a tendência é aumentar esse percentual”, explica Badin, acrescentando que elevadores, Bombas, Lavanderia e aparelhos de ar condicionado são os itens que mais consomem energia no condomínio.
O aumento da procura por energia solar tem sido percebido pelas próprias concessionárias de energia do Rio. Segundo a Light, as instalações de microgerações solares, entre os clientes de baixa tensão, cresceram 37% de 2019 para 2020, saindo de 2.128 para 2.864. Já a Enel afirmou que se trata de um mercado recente, mas que tem “boas expectativas de crescimento no futuro”.
Mais detalhes sobre como funciona
- O condomínio consulta uma empresa que comercializa sistema solar, que vai analisar a capacidade de geração de energia do condomínio de acordo com a área disponível nos terraços dos edifícios, onde são instaladas as placas solares. Os projetos são sempre desenvolvidos buscando-se suprir 100% da energia necessária para as áreas comuns do condomínio. Mas, caso isso não seja possível devido à área insuficiente nos terraços dos edifícios, para instalação das placas fotovoltaicas, as empresas também desenvolvem projetos para suprir o consumo em 50%, 70%, 80% etc.
- O condomínio analisa a proposta da empresa e compara os custos (de aluguel ou compra parcelada dos equipamentos e serviço de manutenção) com o da conta de luz paga.
- A proposta do projeto precisa obrigatoriamente ser aprovada em assembleia pela maioria dos moradores, de acordo com a sua convenção.
- Uma vez aprovado o projeto, a empresa contratada realiza todos os trâmites burocráticos necessários junto à concessionária.
- Segundo a Light e a Enel, concessionárias que atuam no estado do Rio, não há cobrança de taxa específica para o serviço. No entanto, ainda que a geração de energia solar supra todo o consumo do condomínio, permanecem na conta os custos referentes à disponibilidade da rede elétrica e de tributos, como o ICMS.