Os pesquisadores da Universidade de Cambridge desenvolveram um novo sistema de energia solar para converter gases com efeito de estufa e resíduos plásticos em combustíveis sustentáveis. O novo reator movido a energia solar poderá ter aplicações em muitas indústrias.
“A conversão de resíduos em algo útil utilizando energia solar é um objetivo importante da nossa pesquisa”, disse Erwin Reisner, professor no Departamento de Química Yusuf Hamied da Universidade de Cambridge, citado pelo “The Independent”. “A poluição plástica é um enorme problema a nível mundial, e muitas vezes muitos dos plásticos que deitamos em contentores de reciclagem são incinerados ou acabam em aterros sanitários”, acrescentou.
Este novo reator é especialmente significativo porque é o primeiro a converter simultaneamente dois fluxos de resíduos diferentes – plástico e CO2 – em dois produtos químicos separados. O segredo é um chamado material milagroso chamado Perovskita, que algumas pessoas preveem que revolucionará a indústria solar.
A Perovskita não é nada de novo. Gustav Rose, um cientista russo que trabalha na Universidade de Berlim, descobriu o mineral em 1839 nas Montanhas Urais da Rússia. O mineral, que (em inglês) tem o nome do mineralogista russo Lev Perovski, é composto de óxido de cálcio titânio (CaTiO2). Há cerca de dois séculos que os cientistas andam brincando com ele. Mas só por volta do ano 2000 é que novos processos de fabrico de células solares baseados em Perovskita realmente arrancaram. Os cientistas de materiais estão entusiasmados com a utilização da Perovskita porque é tão abundante na natureza.
Antes dos pesquisadores da Universidade de Cambridge terem desenvolvido este novo sistema, não havia qualquer forma de converter seletiva e eficientemente o CO2 em produtos de alto valor.
“Uma tecnologia movida a energia solar que pudesse ajudar a combater a poluição plástica e os gases com efeito de estufa ao mesmo tempo poderia ser uma mudança de jogo no desenvolvimento de uma economia circular”, disse Subhajit Bhattacharjee da Universidade de Cambridge, também citado pelo “The Independent”. “O que há de especial neste sistema é a versatilidade e afinação – estamos fazendo moléculas à base de carbono bastante simples neste momento, mas no futuro poderíamos ser capazes de afinar o sistema para fazer produtos muito mais complexos, apenas mudando o catalisador”, concluiu.