Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Energia Solar

Energia solar move sistema de irrigação brasileiro no Sudão

O pivô de irrigação que funciona com luz solar foi desenvolvido por uma equipe brasileira da Valmont Solar Solutions. O equipamento é usado hoje em uma fazenda do Sudão

DCIM100MEDIADJI_0681.JPG
DCIM100MEDIADJI_0681.JPG

O braço brasileiro da Valmont Solar Solutions foi responsável pelo desenvolvimento de um equipamento de irrigação movido a energia solar e que opera, hoje, no Sudão. A máquina está em atividade desde abril deste ano em uma fazenda da companhia Zadna International Investment, no norte do país árabe que fica no continente africano.

No ano passado, a fabricante Valmont adquiriu a empresa brasileira Solbras, que trouxe para o projeto o know-how em energia solar. E foram profissionais como Fábio Mucin, um dos sócios da antiga Solbras e hoje diretor de operações da Valmont Solar Solutions, que criaram a solução. “Os desafios desse projeto eram que o Sudão é bastante árido, é um país que depende bastante do Rio Nilo. Também é um local que sofre cortes de energia constantemente”, explicou Mucin.

Por essas questões, a equipe precisou pensar em um projeto que utilizasse unicamente a luz solar. Para se ter uma ideia, os principais tipos de sistemas são os chamados on-grid, ou conectados à rede. No Brasil, por exemplo, o sistema de energia solar geralmente é conectado à rede elétrica. Esse complemento serve para que em momentos de menor incidência solar, a rede elétrica ajude a manter os equipamentos funcionando.

O tipo de sistema requisitado pelos sudaneses foi o off-grid, ou desconectado da rede. “Eles queriam os sistemas desconectados porque não tinha rede nos locais onde queriam fazer irrigação. Pediram para que não utilizássemos complemento de diesel ou bateria, que é caro e facilmente furtado”, explicou.

Outra necessidade do projeto do Sudão foi a potência. Só o bombeamento da água precisaria utilizar 45 dos 83 kilowatts gerados no total pela usina ligada ao equipamento. Com os requisitos em mãos, a equipe brasileira começou a trabalhar em janeiro de 2020 e em seis meses finalizou o projeto. Mas antes de partir para o solo do país árabe, foi preciso fazer um piloto no Brasil.

Em uma fazenda brasileira eles testaram e conseguiram atingir o objetivo. “Fizemos todos os testes e verificamos os parâmetros de irrigação e manejo. Tivemos que desenhar o sistema para atender os parâmetros mínimos de irrigação. No Sudão [a necessidade] é de oito horas de irrigação durante o verão e sete horas no inverno. E conseguimos dimensionar o sistema para que, na média, conseguíssemos irrigar durante esse período”, detalhou Mucin.

A fazenda no Sudão produz culturas como a alfafa. O terreno plano permite uma produção ampla. Por isso o equipamento de irrigação também precisou ser de grande proporção. A planta solar em si não ocupa muito espaço, tendo em torno de 600 metros quadrados, explicou Mucin, mas o pivô da irrigação consegue irrigar uma área de até 28 hectares.

Depois de enfrentar alguns percalços no caminho, o equipamento brasileiro chegou ao Sudão e a equipe brasileira se uniu a engenheiros de outras unidades da Valmont para colocar o projeto em ação. “A reta final teve que ser muito rápida porque precisávamos colocar tudo para funcionar antes do Ramadã. Conseguimos e agora deve estar acontecendo a primeira colheita pós a instalação, e com isso vamos conseguir fazer um levantamento e entender o que pode ser melhorado”, explicou o brasileiro.

Mucin acredita o sistema de irrigação movido a energia solar tem potencial para chegar a outros países produtores e mesmo ser usado no Brasil. “Estamos em processo de expansão internacional. A Valmont está presente em mais de 100 países e a empresa está dando muita importância para a área de ESG. Esse desenvolvimento dos negócios em energias sustentáveis está acontecendo com bastante prioridade. É um negócio que vai crescer e rápido”, concluiu.