Nos leilões realizados pelo governo federal, nos últimos seis anos, as energias solar e eólica foram as que motivaram maior competição. O investimento nessas energias renováveis pode ter influência direta no valor das contas de luz.
Um país imenso generosamente banhado de sol. E com ventos que sopram com força em boa parte do nosso litoral. O resultado é energia limpa, renovável, farta e barata.
O sol e o vento aparecem em lugar de destaque em um estudo que comparou os resultados dos últimos dez leilões de energia organizados pelo governo desde 2016.
São os leilões que garantem o suprimento de energia para os próximos anos e permitem que o país cresça sem risco de desabastecimento.
A fonte mais barata continua sendo a hidroeletricidade. Eólica e solar tem ficado na frente das termelétricas a gás, óleo e carvão.
“O Brasil tem uma das melhores matrizes do mundo e ainda tem um potencial gigantesco para construir novas plantas eólicas, solares e hidrelétricas. O que faz com que o custo da indústria de energia elétrica no Brasil seja muito competitivo atraindo investidores não só nacionais, mas também internacionais”, explica Nivaldo Costa, professor da UFRJ e coordenador do Gesel (Grupo de Estudos do Setor Elétrico).
Os resultados dos leilões confirmam que o Brasil se tornou um mercado lucrativo para essas indústrias, que não param de crescer. Em apenas cinco anos, os parques eólicos mais que dobraram a geração de energia no país. As usinas solares saíram de um lugar quase insignificante em 2016 para crescer mais de 25.000%.
“Eu diria que são três vantagens: primeira delas é o custo, hoje, essas fontes são as que apresentam o menor custo de produção no Brasil. Segundo lugar, o curto espaço de tempo que elas saem do projeto para a operação plena, no máximo em dois anos essas fontes estão totalmente operacionais. E por último, mas não nesta ordem, o forte apelo ambiental que essa pauta traz hoje para o Brasil”, diz o presidente da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), Rui Altieri.
Embora sejam mais baratas e competitivas, solar e eólica são fontes intermitentes, ou seja, não produzem energia de forma regular como as termelétricas, mais caras e poluentes. Com a crise hídrica e a diminuição do nível das barragens o governo optou pelas térmicas, o que encareceu as contas de luz.
Especialistas afirmam que se não fosse o crescimento de outras fontes de energia renovável como solar e eólica, as contas de luz hoje seriam ainda mais caras.
As projeções indicam que esse custo pode cair com o barateamento das tecnologias e a expansão dessas fontes na matriz energética.
“Você está pagando caro na sua conta porque nós fomos obrigados a chamar o sistema, termelétricas emergenciais para ocupar o lugar das hidrelétricas porque não tinha água no reservatório pra gerar. É por isso que você não percebeu ainda, mas na medida que essa matriz vai ficando mais diversificada, com mais eólica, com mais solar, nós vamos sentir no bolso esse efeito e vamos pagar menos pela energia num setor bem dimensionado”, afirma a presidente da Abeeolica (Associação Brasileira de Energia Eólica), Elbia Gannoum.
“A água, o vento, o sol, a biomassa são recursos gratuitos da natureza, que se renovam. Isso não é verdade para outras fontes que não são renováveis. Então, é fundamental, para a gente continuar tendo uma matriz elétrica limpa, mas também competitiva, com preços menores e não maiores para os consumidores, que nós priorizemos as fontes limpas e renováveis. São as mais competitivas no Brasil. De quebra, são limpas e renováveis, mas são as mais baratas que o Brasil tem à sua disposição”, diz o presidente da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), Rodrigo Lopes Sauaia.