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Carbono Zero

Índice de Desempenho Ambiental aponta que apenas a Dinamarca e a Reino Unido conseguirão zerar emissão de carbono

China, Índia, EUA e Rússia deverão responder por mais da metade das emissões globais em 2050

Índice de Desempenho Ambiental aponta que apenas a Dinamarca e a Reino Unido conseguirão zerar emissão de carbono

Produzido nas universidades de Yale e Columbia, o novo Índice de Desempenho Ambiental (EPI) descobriu que, embora quase todos os países tenham se comprometido até 2050 a atingir emissões líquidas zero (ponto em que suas atividades não adicionam mais gases produtores de efeito estufa à atmosfera), quase nenhum deles está no caminho certo. Segundo o estudo, com base em suas trajetórias de 2010 a 2019, apenas a Dinamarca e a Grã-Bretanha estavam em um caminho sustentável para eliminar as emissões de carbono até meados do século.

O relatório também mostra que o desempenho ambiental dos EUA caiu em relação a outros países – reflexo do fato de que, enquanto os EUA desperdiçaram quase meia década, muitos de seus pares evoluíram. Nos quatro anos do governo de Donald Trump (2017-2021), os EUA praticamente pararam de tentar combater, em nível federal, as mudanças climáticas.

Já as outras 177 nações do relatório estavam prestes a ficar aquém das metas de emissão zero, algumas por grandes margens. China, Índia, EUA e Rússia estão a caminho de responder por mais da metade das emissões globais em 2050.

Dinamarca: exemplo

No ponto alto da edição de 2022 do EPI, que será lançada nesta quarta-feira, está a Dinamarca, classificada em primeiro lugar em clima e em geral. O Parlamento dinamarquês se comprometeu a reduzir as emissões 70% abaixo dos níveis de 1990 até 2030. O país obtém cerca de dois terços de sua eletricidade de fontes limpas, e sua maior cidade, Copenhaguen, pretende alcançar a neutralidade de carbono nos próximos três anos.

O índice pontuou 180 países em 40 indicadores relacionados ao clima, saúde ambiental e vitalidade do ecossistema. As métricas individuais foram abrangentes, incluindo perda de cobertura de árvores, tratamento de águas residuais, poluição por partículas finas e exposição ao chumbo.

A Dinamarca também expandiu enormemente a energia eólica, estabeleceu uma data para encerrar a exploração de petróleo e gás no Mar do Norte, tributou as emissões de dióxido de carbono e negociou acordos com líderes em transporte, agricultura e outros setores. Sua economia cresceu à medida que as emissões caíram.

“Esta é uma transformação tão abrangente de toda a nossa sociedade que não há uma ferramenta que você possa usar, uma política que você possa usar em geral, e isso resolverá o problema”, disse Dan Jorgensen, ministro do Clima.

Segundo ele, a Dinamarca mostrou que “é possível fazer essa transformação de uma maneira que não prejudique suas sociedades”.

“Não é algo que o torna menos competitivo”, disse Jorgensen. “Na verdade, é o contrário.”

A metodologia do relatório distingue entre países como a Dinamarca, que estão migrando intencionalmente para energia renovável, e países como a Venezuela, cujas emissões estão caindo apenas como efeito colateral do colapso econômico.

Mas o ritmo de redução tem sido insuficiente, dado o ponto de partida extremamente alto dos EUA, segundo maior emissor de gases de efeito estufa, atrás da China. Se as trajetórias atuais se mantiverem, serão o terceiro maior em 2050, atrás da China e da Índia, país que recebeu a pior classificação no índice geral.

Reino Unido: caminho certo

O relatório é a primeira edição do EPI para estimar emissões futuras e sua metodologia apresenta limitações. Mais obviamente, porque depende de dados até 2019, não levando em consideração ações mais recentes. Tampouco considera a possibilidade de remover do ar o carbono já emitido; essa tecnologia é limitada agora, mas pode fazer uma diferença significativa no futuro. E reflete apenas o que aconteceria se os países continuassem a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa na mesma proporção, em vez de adotar políticas mais fortes ou, inversamente, perder força.

Isso explica um desacordo marcante entre os pesquisadores do EPI, que encontraram o Reino Unido no caminho certo, e o independente Comitê de Mudanças Climáticas do Reino Unido, que assessora o governo britânico e disse que as políticas atuais são insuficientes. (Há também uma distinção técnica: além das emissões domésticas, o comitê considera o que outros países emitem na produção de bens que o Reino Unido importa, e o EPI não.)

As recentes reduções do Reino Unido vieram em grande parte da mudança do carvão para o gás natural, e o Comitê de Mudanças Climáticas está “um pouco pessimista de que a tendência continue agora que as frutas mais fáceis foram colhidas”, disse Martin Wolf, diretor de projetos do EPI.

Tanja Srebotnjak, diretora do Zilkha Center, do programa de Iniciativas Ambientais do Williams College e especialista em estatísticas ambientais, disse que vê a metodologia como “uma primeira tentativa razoável” que poderia ser refinada posteriormente.