Marcado para o dia 31, o próximo leilão A-6 de energia eólica deve contratar 1,5 GW, que estarão disponíveis para consumo em 2024. É praticamente o mesmo valor contratado em 2017, segundo a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum.
“A expectativa é contratar mais ou menos o que foi contratado no ano passado, mantendo certa estabilidade, apesar da crise econômica. E para o ano que vem a gente está esperando a retomada do crescimento econômico e mais contratação”, afirmou Elbia.
De 2017 até agora, o setor aumentou 2 GW no sistema e manteve a taxa de crescimento em torno de 22%. “Leilão competitivo, com contrato estável de 20 anos. É isso que atrai investimentos. É claro que no caso da eólica, por ser uma fonte renovável, os outros países estão observando este movimento e os investidores também.”
Custos
Com o avanço da tecnologia, caíram em torno de 30% os custos do setor nos últimos cinco anos, disse a presidente da associação. “Você tem um ganho de produtividade muito alto e uma redução do custo. Hoje é a segunda fonte de energia mais barata do Brasil, quiçá a mais barata, porque se considerar [a produtividade da Usina de] Belo Monte e comparar com o preço do leilão, a eólica é a mais barata do país.”
O consumidor também ganha com esse movimento, segundo Elbia, pois 10% da tarifa de luz vêm da energia eólica e, na medida em que se expande, o avanço ocorre e há uma espécie de “mix tarifário”, levando à possibilidade de redução de custos.
Elbia Gannoum participou da 9ª edição do Brazil Windpower, no Centro de Convenções SulAmérica, na Cidade Nova, região central do Rio de Janeiro. O encontro é realizado pela ABEEólica, pelo Conselho Global de Energia Eólica (GWEC), que atua na abertura de mercados de energia eólica pelo mundo, e pelo Grupo CanalEnergia.
Modelo
O secretário-geral do GWEC, Steve Sawyer, destacou que os leilões no Brasil viraram referência. “Vocês realmente definiram o grande padrão que revolucionou a forma como as renováveis são compradas no mundo inteiro, com certeza nos últimos cinco anos”, disse.
Sawyer ressaltou que viaja pelo mundo “lembrando que esse sistema foi inventado no Brasil”. Acrescentou que atualmente o modelo lidera a indústria ligada ao setor na América Latina. “Há muito do que se orgulhar.”
Expansão
Para Elbia Gannoum, com o avanço da tecnologia há perspectivas de ampliação dos 520 parques eólicos, uma vez que 80% deles estão no Nordeste. Em média, no ano passado, 7,4% de toda a geração injetada no Sistema Interligado Nacional vieram de eólicas que chegaram a abastecer mais de 10% do país em agosto e setembro – meses que fazem parte do período chamado de “safra dos ventos”.
Em 2010, a capacidade instalada da fonte de energia eólica era de 1 GW e alcançou 13,4 GW em mais de 500 parques, e, em 2022, deverá ser de pelo menos 17,6 GW. No abastecimento superou os 70% no Nordeste e atingiu cerca de 14% no Brasil.
Com resultados positivos, o Ranking Mundial de Capacidade Instalada de Energia Eólica, elaborado pelo Conselho Global de Energia Eólica, indicou que o país deixou a 15ª posição, em 2012, para a 8ª posição em 2017.
Em capacidade de geração energia eólica no Brasil, segundo os dados mais recentes da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), houve aumento de 24,1% em comparação ao mesmo período de 2017.
Pelos cálculos da Abeeólica, em 2017 o setor investiu US$ 3,57 bilhões. As aplicações entre 2010 e o ano passado somaram US$ 32 bilhões.