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Meio Ambiente

A face verde da China

Entidades internacionais, como a Ifad e PF, investem na utilização de biodigestores dentro de granjas de suínos na China.

A face verde da China

A China conta hoje com nada menos que 462,9 milhões de suínos, correspondente à metade do rebanho mundial. Há quase três décadas, porém, o país já lida com um problema de grandes dimensões – como de costume em se tratando da China: a liberação à atmosfera de metano, gás resultante da fermentação dos dejetos dos animais. Por questões sanitárias e em função da crescente pressão mundial por ações de redução do efeito estufa, o governo, por meio de seus administradores locais, começou a implementar nas províncias na década de 1980 sistemas de biodigestores. A técnica consiste na canalização dos escrementos dos suínos para uma espécie de tanque vedado escavado no solo. A matéria orgânica, após certo tempo, libera gases como o metano, que podem ser utilizados na substituição à lenha dos fogões e para a geração de energia, além de poder ser utilizada como adubo de plantações.

O Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (Ifad, na sigla em inglês), agência da Organização das Nações Unidas, também mantém, desde 2002, um projeto no país que já disponibilizou mais de 23 mil biodigestores para 30 mil famílias em mais de 3,1 mil vilas. As instalações, incluindo os tanques de armazenamento dos dejetos e o sistema de canalização, são construídas pelos próprios agricultores. Segundo informações do órgão, a ação não apenas contorna a escassez de madeira a ser transformada em lenha, em especial na província de Guangxi, no sudoeste chinês, como o da falta de eletricidade em algumas regiões.

Com atuação semelhante, a Planet Finance (PF), organização não governamental internacional baseada em Paris, França, que atua em projetos de redução da pobreza no mundo por meio de parcerias com instituições de microcrédito, viabiliza desde 2007 a implementação de uma versão avançada de biodigestor no condado de Tongwei, província de Gansu, região noroeste do país. A proposta do projeto é, em regiões mais frias, como Gansu, adaptar o sistema do biodigestor, reposicionando o curral dos animais, banheiros domiciliares e cozinha em relação ao recinto de deposição de dejetos. A disposição correta propicia insolação suficiente para manter a temperatura dentro do tanque e permitir que digestão anaeróbica (com o mínimo oxigênio) da matéria orgânica não seja interrompida nos meses de inverno.

Para acessar o microcrédito necessário para o custeio da conversão do sistema, os moradores devem comprovar baixa renda, ter espaço suficiente para as instalações e possuir, ao menos, um suíno. A PF conta com fundos da Comissão Europeia, da companhia de energia nuclear Areva, da fornecedora de energia e gás natural GDF Suez e do escritório internacional de advocacia Baker Botts. Na primeira etapa do projeto, Tongwei I, 1.430 produtores contrataram empréstimos para a modernização de seus sistemas de biodigestão. A meta para a segunda fase, Tongwei II, é ampliar o crédito a 3 mil agricultores e construir um centro de negócios e inovação rural, que funcionará como instituição de pesquisa e de capacitação das comunidades.