Todos os fenômenos climáticos provocam impactos nos ecossistemas. Aumento da temperatura, redução dos índices pluviométricos, queda da temperatura; são eventos que podem influir no modo de vida das espécies, interferindo em seus hábitos alimentares, ciclo reprodutivo e capacidade de sobrevivência dos indivíduos novos. Na complexa cadeia da vida, fatores abióticos (aspectos químicos e físicos de um ambiente) e bióticos (outras espécies vivas) contribuem na formação, no desenvolvimento e desaparecimento das espécies vivas.
A maior parte dos desaparecimentos de espécies é chamada de extinção de fundo, ocorrendo permanentemente, dia a dia, em todos os cantos do planeta, provocando a lenta e constante eliminação de espécies animais e vegetais. Lembrando que ao mesmo tempo se dá a gradual diferenciação de indivíduos, proporcionando a possibilidade de surgimento de novas espécies, que por sua vez vão ocupar os nichos biológicos deixados pelas espécies extintas.
Em pequena escala isto está ocorrendo hoje, nos rios e reservatórios que formam o Sistema Cantareira, que abastece com água grande parte da cidade de São Paulo e alguns municípios vizinhos. Segundo cientistas, com o procedimento de esgotamento de água do fundo das represas, o chamado “volume morto”, serão parcialmente destruídos diversos ecossistemas que existem nestes rios e lagos. “A alteração que essa queda de volume de água nos rios e represas e a possibilidade de se mexer no volume morto do Cantareira podem provocar nesse meio ambiente, é sem precedentes e só poderá ser avaliada no futuro”, afirma a bióloga e professora da Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP) Silvia Regina Gobbo. Com a redução do volume de água aumenta a temperatura, reduz-se o oxigênio dissolvido e aumenta a concentração de poluentes; fatores que somados potencializam a mortandade de espécies e ecossistemas.
O gradual desaparecimento da maior parte das espécies já se manifesta por acontecimentos que parecem sem importância, mas que se tornando freqüentes podem acelerar o processo. Exemplo disso é a mortandade de cascudos – peixes bastante resistentes – ocorrida em fevereiro no rio Camanducaia, na altura da cidade de Amparo e a recente morte de cerca de 20 toneladas de peixes, entre os quais espécies como o dourado, a corimba e a piapara. Especialistas dizem que este caminho pode não ter volta, para azar nosso e dos ecossistemas.