Pesquisadores de diferentes unidades da Embrapa na região Norte estiveram reunidos, recentemente, para o acompanhamento das atividades do projeto “Integração Lavoura-Pecuária-Floresta” (ILPF). A tecnologia propõe a diversificação de atividades em propriedades rurais e oferece alternativas para a recuperação sustentável de pastagens degradadas, evitando a abertura de novas áreas de floresta.
Desenvolvido em rede por todo Brasil, o projeto conta com 26 centros de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com outras organizações do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária e com instituições de ensino e de extensão rural.
O ILPF consiste na implementação sustentável e equilibrada de diferentes atividades rurais em uma mesma propriedade. Isso significa dizer, por exemplo, que em uma área podem ser produzidos grãos, madeira, carne e leite, uma vez que a propriedade pode ser dividida em lavoura, reflorestamento e pastagens.
“Do ponto de vista econômico, o produtor não fica dependente de uma única fonte de renda”, mostra o pesquisador Alaerto Marcolan, que desenvolve experimentos de ILPF. “Se em um ano há problema com o preço do gado, ele tem outras alternativas como a lavoura”, completa o pesquisador. Seguindo a mesma lógica, em anos de quebra de safra, a produção de carne, de leite ou de madeira pode salvar a economia da propriedade.
Além do aspecto econômico e social, a tecnologia leva em conta o equilíbrio ambiental. Do total de pastagens em degradação no Brasil, cerca de 50 milhões de hectares são considerados agricultáveis. Deste total, 36 milhões de hectares podem ser abrangidos pela ILPF, de maneira que a capacidade produtiva das áreas seja recuperada, evitando a abertura de novas áreas para pastagem.
Para colocar isso em prática, os pesquisadores do projeto estudam, em todo o Brasil, as maneiras mais adequadas. Zootecnista e doutor em manejo e utilização de pastagens, o pesquisador, Cláudio Townsend, realiza experimento em 10 hectares em um campo experimental da Embrapa. No local havia uma pastagem em estado avançado de degradação. O investimento inicial foi a correção do solo, com a introdução dos nutrientes necessários ao crescimento das plantas.
Em janeiro deste ano, a área foi dividida pela metade. Uma parte foi semeada com arroz, a outra, com soja. “Em poucos meses o produtor colhe a safra de grãos e consegue retirar o investimento feito para a correção do solo”, conta o pesquisador. Depois da colheita, o solo fértil pode ser utilizado para o cultivo de gramíneas forrageiras, dando origem a uma pastagem de qualidade.