Agricultores do Espírito Santo estão recebendo incentivo de uma empresa privada para recuperar a Mata Atlântica. O estado tem uma das menores áreas preservadas do país.
Em meio às pastagens e às plantações de café, a reserva chama a atenção. É uma das poucas áreas de Mata Atlântica que restaram no Espírito Santo. Lá, agricultura e pecuária tomaram o lugar da mata, que hoje ocupa apenas 5% do território capixaba.
A destruição da Mata Atlântica tem como consequência a degradação do solo e a escassez de água. Toda a vegetação é fundamental para proteger a terra e reter água da chuva.
“O grande fator da floresta, as pessoas pensam que é fazer chover, mas não é. A floresta faz com que a água entre no solo e se armazene. Com isso, ela aumenta a capacidade. Ela tem essa capacidade de aumentar a infiltração da água que cai da chuva. Imagine uma chuva em uma árvore de trinta metros, qual é a velocidade que ela chega embaixo? Ela é tão lenta que permite a sua infiltração e, mais do que isso, sem causar erosão. Em área que não tem floresta, a água chega, bate e leva tudo, aí não fica armazenada. Este é um grande problema aqui no Espírito Santo”, explica Renato Jesus, engenheiro florestal.
Agora uma iniciativa da mineradora Vale está ajudando os produtores a recompor área de mata nativa em suas propriedades. Ela fornece as mudas e dá assistência técnica por um ano. “Ele vai gastar a energia dele de fazer. Não vai ter desembolso nenhum. O gasto dele vai ser a hora que ele vai gastar dele para roçar, coviar e plantar sua floresta ciliar”, explica Renato.
A experiência da família Bizi serviu de experiência para todo o projeto de expansão ambiental. A fazenda de 300 hectares fica no município de Jaguaré, norte do Espírito Santo.
Oito anos atrás não tinha nenhuma árvore no local, era tudo pasto. Hoje são 20 hectares de mata que tem uma importância estratégica, principalmente na manutenção das represas, que garantem a água da fazenda.
É com esta água que é feita a irrigação do cafezal. Graças a mata, a barragem não se rompeu na última enxurrada. “Só a nossa resistiu. Porque a água da enxurrada chegou aqui com menos velocidade. Em outras (fazendas) a barragem não tinha proteção nenhuma nas encostas e a água chegou com muita intensidade e se romperam”, conta Rony Bizi, agricultor.
Dona Derly conta que o marido dela, que já morreu, ficaria muito feliz em ver a área preservada. “A preocupação dele seria desmatar muito, as matas acabarem e quando ele tivesse os netos, os netos não terem o conhecimento de uma árvore. Então ele decidiu fazer o reflorestamento para os netos poderem conhecer as árvores de uma mata”, revela Derly Bizi, dona de casa.
O programa já tem cerca de mil agricultores cadastrados.