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Meio Ambiente

Mata ciliar em alta

Recuperação de mata ciliar tem avanço em São Paulo. Programa já atingiu cerca de 23% de 1,7 milhão de hectares.

Cerca de 23% da área de matas ciliares definida pelo governo paulista para recuperação já está sendo trabalhada, segundo a Secretaria de Meio Ambiente do Estado.

Do total de 1,7 milhão de hectares determinados pelo Programa Mata Ciliar, iniciado em 2008, 397 mil estão em processo de recuperação ou de regeneração natural. Em entrevista ao Valor, a coordenadora do projeto, Helena Carrascosa, afirmou que o setor agrícola que mais contribuiu para essa retomada foi o sucroalcooleiro, representando cerca de 67% da área.

Grandes desmatadores do passado, o segmento tem metas ambientais a serem cumpridas por força da lei, como o fim da prática de queimadas, e incluiu nessas metas a recuperação de matas ciliares, estratégicas do ponto de vista ambiental mas também agrícola. Por margear os cursos d’água, elas evitam assoreamentos dos rios e córregos e retém a água no solo. “O setor se saiu melhor porque também é o mais estruturado”, diz Helena.

A tentativa do governo é recompor 20% dos cerca de 24 milhões de hectares de área total de São Paulo com vegetação nativa. Isso incluiria, além das matas ciliares, as áreas não aptas à agricultura mas de alguma importância para a formação de corredores ecológicos.

Uma boa notícia é que o inventário florestal do ano passado, realizado pelo Instituto Florestal, apontou que São Paulo tem 17,5% de cobertura florestal – incluindo toda as formas de vegetação nativa. O último levantamento, de cinco anos atrás, apontava 13,9%. “Há duas explicações: neste inventário conseguimos ver manchas verdes menores devido ao avanço da tecnologia ou houve, de fato, um aumento de cobertura vegetal que não sabemos precisar”, diz Helena.

O programa de mata ciliar ajudou também a catapultar o mercado de mudas no Estado. De acordo com a secretaria, a capacidade de produção de mudas em 2001 era de 13 milhões, em 55 viveiros. No ano passado foram 41 milhões, produzidas em 208 viveiros.

“Em 2003, o déficit na oferta de mudas – considerando quantidade, diversidade e distribuição geográfica dos viveiros – era um dos gargalos para a recuperação de matas ciliares em larga escala. Hoje é possível assumir que a oferta de mudas deixou de ser fator limitante”, explica a coordenadora.

O grande desafio, diz Helena, é reduzir o custo ao proprietário para a recuperação das matas. De acordo com a coordenadora do projeto, um hectare de floresta nativa custa mais que o de qualquer cultura agrícola – de R$ 12 mil a R$ 15 mil, segundo ela, dependendo da disponibilidade de mão de obra. A manutenção dessa área, de pelo menos três anos, também é um componente caro. “É preciso capinar a braquiária que sufoca as plantas, controlar fogo e o ataque de formigas. E tudo isso é custo”.

Por isso, o governo paulista tenta criar mecanismos de auxílio ao produtor aos moldes do que já é feito em outros Estados. O principal é o Pagamento por Serviços Ambientais, regulamentado em 2010. Por esse sistema, produtores que preservarem suas matas terão direito a um auxílio financeiro pela prestação do serviço que ele oferece – a água assegurada pela floresta. O Estado já reservou R$ 3,2 milhões para 21 Prefeituras, que mapeiam as nascentes a serem preservadas nas áreas rurais. A estimativa é que cada produtor receba até R$ 300 por nascente/ano, dependendo da condição de preservação da nascente. Os pagamentos devem ter início em 2012.