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Meio Ambiente

Monitorar desmatamento pode resultar em mais crédito de carbono

Apesar da eficiência, a adoção de medidores de carbono foi considerada tardia.

A medida anunciada quinta-feira (16) pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, de utilizar satélites para monitorar o desmatamento em outros biomas além do amazônico, pode resultar em aumento “de bilhões de dólares” para o Brasil por meio de crédito de carbono.

A opinião é do coordenador de Ciências do Programa de Savanas Centrais do The Nature Conservancy (TNC), Leandro Baumgarten, especialista em biomas como Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampa, no Brasil, além dos Chacos argentino, boliviano e paraguaio.

“A partir das informações coletadas teremos melhores condições de coordenar as ações de combate ao desmatamento. Além disso, o mesmo mecanismo de crédito de carbono contabilizado a partir da Amazônia passará para outros biomas, trazendo mais recursos para o país por meio da Redd [Redução de Emissão por Desmatamento e Degradação]”, explica Baumgarten.

Segundo o pesquisador, esse índice leva em consideração a atividade humana, calculando o carbono despejado por carros e indústrias, e o desmatamento na Amazônia. “Agora, com outros biomas passando a fazer parte do cálculo, esses valores devem chegar à ordem dos bilhões de dólares”, prevê Baumgarten. Ele explica que, apenas com o Fundo Amazônico, o Brasil receberá US$ 1 bilhão no prazo de cinco anos, contados a partir do ano passado.

“Fora o Pantanal, que ainda tem uma boa cobertura, todos os biomas estão bem mais desmatados do que o Amazônico. O Cerrado e a Caatinga têm apenas 60% da cobertura original, enquanto o Pampa tem 50% e a Mata Atlântica menos de 10%”, disse.

Apesar de tecer elogios ao uso de satélites em outros biomas, a iniciativa do governo foi considerada “tardia” por Baumgarten.

“A última avaliação feita pelo governo sobre as coberturas vegetais de todos os biomas brasileiros foi em 2002. Depois disso, nenhum outro levantamento foi feito e, infelizmente, não existem informações sobre o nível de desmatamento do Pantanal e da Caatinga”, argumenta. “Mas nossas esperanças ficam renovadas com os satélites apontando para os outros biomas e com a possibilidade de que novos estudos sejam implementados”, completa.