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Meio Ambiente

Natureza desafia campo

<p>Entre os principais problemas agrários que devem ser resolvidos, a questão ambiental desponta com mais vigor.</p>

A lista de problemas a serem resolvidos nos próximos anos é extensa, mas o que surge com mais vigor é o ambiental. Entre o que o setor vê como ameaças à produção estão o desmatamento zero, inclusive em áreas onde já está definido o percentual de utilização da terra; aplicação do Código Florestal, desatualizado e da década de 60; e índice de produtividade, que tolhe a liberdade de o produtor escolher onde e como produzir.

“A questão ambiental é limitativa à produção”, diz José Vicente Ferraz, da AgraFNP. Se as mesmas leis que estão sendo colocadas para o Brasil fossem aplicadas para o resto do mundo, haveria redução de 200 milhões de hectares nas áreas de produção.

A ex-ministra do Meio Ambiente e presidenciável Marina Silva diz que “esses investimentos que virão devem ser qualificados para que se produza mais e se utilize menos recursos naturais”. Na avaliação dela, o Brasil pode dar sua colaboração na oferta mundial de alimentos apenas utilizando as áreas atualmente degradadas, elevando investimentos em pesquisa e buscando maior produtividade.

Kepler Euclides, da área de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa, concorda com Marina Silva. As pesquisas devem levar a uma maior produção de alimentos, mas com qualidade e oferta sustentável.

Para Ferraz, o país deverá ter um desempenho espetacular do agronegócio porque pela primeira vez na história pode haver falta física de alimentos, o que vai elevar os preços.
Atualmente há produção, mas a falta de renda de parte da população mundial para adquirir esses produtos provoca perda constante no valor médio dos alimentos.

João Sampaio, secretário paulista de Agricultura, diz que “o Brasil precisa realmente se preparar porque a competitividade no futuro vai ser grande”. O maior problema do país é a dependência brutal dos insumos, diz ele. “Mesmo com ganho e produtividade nos últimos anos, os produtores continuam com custos elevados e renda ruim”, afirma.

Para Anderson Galvão, da consultoria Céleres, o Brasil realmente tem de se preocupar porque a crise de alimentos de 2007 e de 2008 assustou os governos. Preocupados, os não produtores de alimentos buscam investimentos em outras áreas, como o Leste Europeu, a Ásia e a África.

Guilherme Dias, da USP, destaca que essa necessidade de alimentos está fazendo a China e o Sudeste Asiático desenvolverem estruturas superiores às do Brasil.
Esse novo cenário do agronegócio -de investimentos de grandes empresas e de fundos- não marcará o fim dos pequenos e médios produtores, mas eles terão de buscar mais gestão e maior produtividade.

Em algumas regiões, será necessária uma ação específica do governo, com visão de longo prazo. A avaliação é de Renato Gennaro, da Ernst & Young, que acaba de divulgar um relatório, com a FGV, sobre as perspectivas do Brasil na agroindústria nas próximas décadas. Uma das saídas para os pequenos será a união em cooperativas, conclui Guedes.