A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, defendeu ontem (27) que os produtores que preservam as nascentes de água em suas propriedades sejam remunerados por serviços ambientais prestados à sociedade. “Os produtores rurais, especialmente os pequenos, precisam ser remunerados, para que essas nascentes sejam transformadas em patrimônio natural da humanidade”, afirmou durante abertura da 5ª Reunião da Seção Brasil do Conselho Mundial da Água (CMA), realizada na sede da CNA, em Brasília. Durante a reunião, a senadora Kátia Abreu e o presidente do CMA, Loïc Fauchon, assinaram termo de filiação da CNA ao Conselho, criado em 1996 para promover a conscientização sobre questões críticas de gestão e uso da água em todo o mundo.
O setor agropecuário responde por 70% do consumo mundial de água, mas o presidente do CMA lembrou que o produtor rural é o maior e o melhor defensor de todos os ecossistemas. “Os agricultores precisam ser valorizados e não atacados”, afirmou Loïc Fauchon. Para a presidente da CNA, os produtores rurais são os principais interessados em discutir o manejo sustentável dos recursos hídricos em função da necessidade de ter água para garantir a continuidade da produção agropecuária. Acrescentou, ainda, que os rios passam pelas propriedades rurais, fato que torna o produtor rural um importante agente ambiental no processo de preservação dos recursos hídricos. Também participaram da reunião o diretor presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, e o presidente do 6º Fórum Mundial da Água, Benedito Braga.
A presidente da CNA citou, ainda, o potencial brasileiro para a produção agrícola irrigada. O Brasil tem, hoje, 29 milhões de hectares que poderiam ser irrigados, mas irriga apenas 4,5 milhões de hectares. Significa que o País utiliza apenas pouco mais de 15% do seu potencial. “Temos um potencial imenso. Na bacia do rio Araguaia, que corta os Estados do Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Pará, estão áreas de várzeas irrigadas que somam mais de dois milhões de hectares contínuos, onde nós podemos produzir alimentos”, ressaltou a senadora Kátia Abreu. Defendeu, ainda, a conclusão de estudos que estão sendo conduzidos pela ANA para fortalecer a gestão das bacias hidrográficas do País. Para ela, também devem ser considerados aspectos como o tipo do solo e a inclinação do terreno para definir as Áreas de Preservação Permanente (APPs) nas margens de rios. “A mata ciliar não depende da largura do rio, mas sim da fragilidade da margem do rio”, afirmou.