Dar destino correto aos dejetos é um dos grandes gargalos da suinocultura. Uma fazenda localizada no Distrito de Anhanduí, em Campo Grande (MS), encontrou uma solução que desde 2004, além de solucionar o problema, aumentou os lucros, diminui o número de mortandade e passou a economizar 90% na conta de energia elétrica.
A Suinocultura Rancho Alegre produz suínos desde 1983, mas foi a partir de 2004 que aconteceram as inovações mais impactantes, por meio da instalação de biodigestores para produção e queima de gás metano, que é gerado com os dejetos dos animais.
Uma vez por ano a fazenda vende créditos de carbono, por intermédio de uma cooperativa de suinocultores localizada em São Gabriel do Oeste, para empresas de capital estrangeiro, por meio da técnica. Além disso, a granja passou a ter uma economia de 90% na conta de energia elétrica, já que este recurso é gerado na propriedade, com os biodigestores e transformadores.
Empresário encontra soluções para aumentar a produção e lucrar com o que era descartado
Sistema de produção limpa na suinocultura trouxe para propriedade localizada em distrito de Campo Grande mais tranquilidade aos animais que somam um plantel com mais de 25 mil cabeças. Os administradores comemoram economia de 90% na conta de energia elétrica e ainda conseguiram diminuir a perde de animais. A manutenção das pastagens foi outra vantagem conquistada depois da instalação de biodigestores
Arão Antonio Moraes, proprietário da Suinocultura Rancho Alegre, localizada no Distrito de Anhanduí/Campo Grande, produz suínos desde 1983, mas foi a partir de 2004 que ele fez inovações, aumentou a produção e conseguiu dar destino a uma das maiores preocupações do setor: os dejetos.
Com 2.300 matrizes e 20 reprodutores na Central de Inseminação Artificial própria, a Rancho Alegre passou a trabalhar com desenvolvimento limpo na suinocultura, o que trouxe bons rendimentos, economia e ainda possibilidade de abastecimento de mercados antes considerados carentes como, por exemplo, matéria-prima para produção de farinha e torta de carne para alimentação de suínos.
A administradora da propriedade, Eleíza Moraes explica que desde 2004 estão em funcionamento na Rancho Alegre biodigestores para produção e queima de gás metano, que é gerado com os dejetos dos suínos. Uma vez por ano a fazenda vende créditos de carbono, por intermédio de uma cooperativa de suinocultores localizada em São Gabriel do Oeste, para empresas de capital estrangeiro, por meio da técnica. Além disso, a granja passou a ter uma economia de 90% na conta de energia elétrica, já que este recurso é gerado na propriedade, com os biodigestores e transformadores.
Eleíza explica que seria possível utilizar 100% da energia produzida na propriedade, porém os administradores optaram por manter nas residências o sistema “convencional” fornecido pela Empresa de Energia de Mato Grosso do Sul. “Como temos máquinas muito potentes em funcionamento, a energia acaba oscilando muito, por isto mantivemos nas casas das 11 famílias e no escritório central o sistema antigo.”, explica.
O empresário Antonio Arão, que também é presidente da Associação Sul-matogrossense de Suinocultores (Asumas), é categórico ao afirmar que a suinocultura cresceu consideravelmente nos últimos anos no Mato Grosso do Sul e com ela a preocupação em dar destino aos dejetos também passou a ser uma necessidade, uma vez que as cobranças em relação ao desenvolvimento sustentável também são muito presentes. “O produtor consciente não quer apenas ganhar dinheiro, mas também ter um modelo que possa trazer benefícios ao meio ambiente, afinal o empreendedor rural é o maior interessado em manter condições de solo e climáticas para seu negócio dar certo”, diz.
Antonio Arão explica que com os biodigestores a carga orgânica proveniente dos dejetos e sobras de rações da alimentação dos suínos em confinamento acaba se decompondo e gerando o gás metano, que é tido como um dos vilões responsáveis pelo efeito estufa. Nos balões são acondicionados e depois transformados em crédito de carbono.
A instalação dos biodigestores não trouxe apenas energia elétrica barata para a granja, mas uma tranqüilidade aos administradores. Para Eleíza Moraes, o suinocultor que não tem biodigestor tem um grande problema para administrar, mas quem o tem pode aproveitá-lo para faturar com créditos de carbono, utilizar a parte sólida que sobra como adubo e a líquida como ferti-irrigante para as pastagens. “Aqui, temos pasto verde o ano inteiro, pois os campos são adubados e irrigados ao mesmo tempo, independente se é período seco ou não. Diminuiu até o número de moscas na nossa propriedade”, comemora.
Inovação
Um dos projetos implantados na propriedade é o congelamento de carcaça de animais mortos e placenta que depois se transformam em mais uma fonte de renda na suinocultura. Antes da idéia, dar destino a este tipo de produto também era uma preocupação dos administradores. Agora, uma vez por semana o material é destinado para o fabrico de biocombustível em Dourados ou no Distrito de Indubrasil (Campo Grande). Nos digestores é separada a banha (para biodiesel) e carne para ração.
Com novas técnicas para produzir suínos e dar destino não agressivo para o meio ambiente ao que antes era descartado, o empresário Arão Antonio pretende aumentar seu plantel a partir do próximo ano em, no mínimo, mais cinco mil matrizes. Além disso o mercado comprador, que atualmente é mais voltado para Campo Grande (40%), São Gabriel do Oeste, Rondonópolis e Goiânia, também vai ser incrementado pela oferta de produto.
AR- Com a economia na conta de energia elétrica, proporcionada depois da instalação dos biodigestores, os administradores da suinocultura implantaram nas baias da maternidade um sistema de refrigeração para as matrizes, o que proporciona um bem-estar animal para elas. O ar gelado é direcionado por um tubo somente para a região da cabeça das porcas porque os leitões preferem temperaturas mais elevadas que suas mães.
Segundo Eleíza Moraes nem todas as baias possuem o sistema de ar-condicionado, mas isto já é um projeto para o ano que vem. “Oferecendo condições de bem estar, as matrizes têm mais tranquilidade no momento da parição e cuidados com suas crias. Isto diminui, inclusive, o número de animais mortos”, conclui.
Ração
Desde que a Suinocultura Rancho Alegre foi inaugurada toda a ração (da desmama a matrizes/reprodutores) é produzida na propriedade. O milho, soja e sorgo utilizados são produzido em outra propriedade de Arão Moraes, que fica no município de Terenos. Outros produtos são adquiridos a base de troca com fazendeiros próximos. O maquinário da fábrica de ração é movido com a energia proveniente dos biodigestores. O montante chega a 1 milhão de quilos/mês.