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Viçosa vai estudar aquecimento global

<p>UFV vai criar instituto para estudar mudanças climáticas. Instituto de Mudanças Climáticas, Energias Renováveis e Economia Ambiental, deve começar a operar em 2010.</p>

Uma das mais tradicionais geradoras de conhecimento rural do País, a Universidade Federal de Viçosa (UFV) lidera os preparativos para a criação do Instituto de Mudanças Climáticas, Energias Renováveis e Economia Ambiental, que deverá começar a operar no primeiro semestre do ano que vem.

De acordo com Luiz Claudio Costa, reitor da UFV, já estão sendo construídas as instalações físicas do instituto, que contará com o apoio e participação de outros atores envolvidos ou afetados com as questões que serão estudadas, como a Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas – a Rede-Clima, coordenada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – e a Embrapa.

“O instituto tem de ser uma rede de informações e pesquisas. Algo como um ‘think thank”, afirma Costa. Nesse sentido de catalisador de ideias, o espaço estará aberto à participação de outros institutos, universidades e agentes privados. “O Brasil ainda está um pouco atrasado nesse campo, mas há iniciativas interessantes. Nossa intenção é que o instituto seja inclusive internacional”, diz.

Para o reitor da UFV, o novo instituto poderá colaborar para que o Brasil se firme como um país focado em uma agricultura de “baixo carbono”. “O País é respeitado no mundo todo pelo desenvolvimento da agricultura tropical. Agora o desafio é caminharmos rumo a uma agricultura de baixo carbono. O mercado precisa disso”, afirma ele.

Luiz Claudio Costa, que também preside a Sociedade Brasileira de Agrometeorologia (SBAgro), sediada em Campinas (SP), sustenta que, além de estar atento ao que se discute e se desenvolve nos principais polos americanos e europeus de pesquisa, o Brasil precisa estimular o intercâmbio com outros países do Hemisfério Sul, inclusive africanos.

Nesse âmbito, a Universidade Federal de Viçosa, já tem laços com Moçambique e Angola, colaborando no treinamento de pesquisadores de ambos. Em Angola, mantém acordo com a Universidade Agostinho Neto, que no momento cria sua estrutura de pesquisa.

O reitor vê em convênios como esses e em iniciativas como a criação do Instituto de Mudanças Climáticas, Energias Renováveis e Economia Ambiental oportunidades para que o Brasil assuma a liderança em discussões de problemas que não podem prescindir do país, como fome e ambiente.

“O Brasil não pode ser, como disse [o economista] Celso Furtado [1920-2004], ‘o País das oportunidades…perdidas’. O País está em 13º lugar no mundo em geração de tecnologia, mas temos entraves que podem nos fazer perder o bonde. Ainda não perdemos”.

Costa lembra que o país investe 1,5% do PIB em geração de tecnologia, e que cerca de 90% do total é aplicado por universidades como Viçosa, berço do milho híbrido. “Mas é preciso mais apoio e mais recursos. Também temos que ajudar a pautar o bom debate”, diz.

A UFV foi inaugurada em 1926 na conturbada presidência de Arthur Bernardes (1875-1955), natural de Viçosa. Em 1969, foi federalizada. Em 2008, executou um orçamento de R$ 320 milhões, 13,5% superior ao de 2007 e quase todo empregado em pessoal

Encravado em um importante polo de cafés especiais no sul de Minas que já sofre com as mudanças climáticas, a UFV, diz o reitor, está tentando fazer a parte dela.

Mas é preciso bem mais que isso para o país manter a relevância em uma seara irrigada por centenas de bilhões de dólares de grandes transnacionais que costumam esconder até de suas filiais o que norteará a agricultura do futuro.