A “inflação verde” deve se estender e impactar a economia por um longo tempo, de acordo com a avaliação da economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta.
Em entrevista à CNN Rádio, ela explicou que essa “inflação verde” nasceu por causa das movimentações recentes que “demandam do processo produtivo e da economia que sejam mais limpos e exijam menos da natureza.”
A economista exemplificou ao citar que, em todas as revoluções de outros períodos, houve “destruição criativa”. Ou seja, processos naturais faziam com que o modo anterior ficasse obsoleto.
O surgimento do motor a combustão acabou com o transporte animal, o televisor “tubo” perdeu espaço para o de tela plasma, etc.
A energia verde, porém, é diferente disso. “Ela nasceu da necessidade mundial por melhorias dos processos produtivos, esse modelo utilizado agora, não é melhor em termos de capacidade produtiva do que os que tínhamos anteriormente, eles surgiram por outros motivos.”
Isso gera um momento único de transição, em que as matrizes energéticas que suprem a demanda hoje deixam de ganhar aporte, com “grandes investimentos direcionados a matrizes novas, que não são mais vantajosas economicamente neste momento, mas que são necessárias.”
“Essa mudança forçada do processo gera inflação elevada e tende a se estender por anos”, completou.
O descompasso continua quando se usa o petróleo como exemplo. Ainda não há um substituto sustentável para ele, mas a demanda é por combustíveis não-sustentáveis.
“Ao mesmo tempo, o investidor não vê retorno ou crescimento a longo prazo para essas matrizes tradicionais e os recursos diminuem para eles.”
“Se por um lado temos demanda grande por energia mais limpa, por outro, temos falta de investimento para a transição, a falta de investimento nessas matrizes gera uma capacidade produtiva menor e por consequência inflação elevada, o processo não é simples e continuaremos passando por ele”, disse.