De acordo com levantamento da Clean Energy Latin America (Cela), 30% da capacidade instalada operacional das fontes solar e eólica é representada por empreendimentos elaborados no mercado livre de energia. A Cela, consultoria estratégica em energias renováveis e companhia de assessoria financeira, divulgou uma pesquisa mapeando os 70 PPAs solares e eólicos no Ambiente de Contratação Livre (ACL), com volume que corresponde a 1.7 GW médios contratados.
A consultoria aponta que, em matéria de capacidade instalada, são cerca de 6,5 gigawatts (GW) de empreendimentos eólicos e solares fotovoltaicos. “Em 2020 e 2021 a atuação do setor eólico e solar se tornou muito mais madura, e as empresas cada vez mais preparadas para desenvolver e negociar esses PPAs”, relatou Camila Ramos, diretora geral da Cela.
“As condições dos PPAs, como prazo e preço, evoluíram bastante, as condições de financiamento se tornaram mais competitivas e especialmente o perfil dos offtakers dessa energia se diversificou para abranger cada vez mais consumidores finais”, destacou Camila.
A pesquisa compreende o levantamento da evolução do preço, curva de indexação e prazo desses PPAs. Além disso, ela abarca as modalidades mais usadas, como autoprodução e produção independente de energia, perfil de entrega de energia, informações sobre a estratégia de vendas e marketing das companhias entrevistadas e a segmentação dos offtakers.
O levantamento também indica que os primeiros financiamentos em moeda estrangeira e PPAs foram fechados, incluindo os seus aspectos mais importantes, e como essa forma de financiamento está avançando. Por fim, a pesquisa apresenta um ranking das companhias com maior quantidade de contratados firmados no ACL.
Camila apontou, durante episódio do programa ABSOLAR Inside, realizado no final de 2020, que a suspensão dos leilões de energia do mercado regulado, planejados pelo governo federal, fez com que o mercado livre se tornasse uma forte oportunidade para o segmento de energia solar, estimulado pela procura das empresas por produção de energia limpa e renovável.
“No cenário de leilões mais escassos, o mercado livre se transformou em uma grande oportunidade. O driver disso tem sido a demanda por energia limpa e renovável, dentro dos preceitos da ESG”, detalhou Camila, fazendo menção à sigla em inglês para Governança Ambiental, Social e Corporativa – os três pilares usados para medir a sustentabilidade de um investimento e o impacto que ele causa no meio ambiente.
A executiva afirmou que essa tendência é apresentada no mundo todo e está sendo adotada pelo Brasil. “De acordo com a IRENA (Agência Internacional de Energia Renovável), os agentes que podem comprar energia no mercado livre representam dois terços do consumo de energia mundial, é um grande potencial de mercado”.