É muito provável que você já conheça a expressão ESG. O termo, que significa “Environmental, Social, and Governance” em inglês, se refere a um conjunto de critérios que avaliam o desempenho das empresas em relação a questões ambientais, sociais e de governança. Nos últimos anos, a adoção desses princípios tem se tornado uma tendência global, e o agronegócio brasileiro também faz parte desta transformação.
A aplicação da agenda ESG no agro vem ganhando espaço tanto dentro quanto fora da porteira. Em entrevista à Gessulli Agrimídia, Sabrina Della Santa Navarrete, professora da FIA Business School, destaca a importância dessa abordagem para o setor: “A demanda do mercado, tanto interno quanto externo, está levando os diversos atores do sistema agroindustrial a considerar os pilares ambiental, social e de governança como uma maneira de criar valor e garantir a sustentabilidade dos negócios a longo prazo”, observa. A adoção desses princípios pode abrir oportunidades valiosas para o Brasil, incluindo o acesso a mercados que demandam produtos sustentáveis e a redução de riscos relacionados a regulamentações ambientais e sociais.
Entretanto, a prática do ESG no agronegócio enfrenta desafios. No pilar ambiental, há uma crescente preocupação com questões como conservação do solo e da biodiversidade, uso eficiente dos recursos naturais, redução das emissões de gases de efeito estufa e reciclagem de resíduos. No pilar social, a atenção se volta aos direitos humanos e ao bem-estar dos trabalhadores, enquanto no pilar de governança, temas como sucessão patrimonial e a adoção de sistemas de gestão e controle se tornam compromissos assumidos publicamente pelas organizações que adotam a agenda.
“O setor enfrenta pressão internacional em várias frentes, como o combate ao desmatamento ilegal na Amazônia e no Cerrado, a adoção de práticas agrícolas com baixa emissão de carbono e a garantia do respeito aos direitos humanos dos trabalhadores”, enfatiza.
Busca por novos mercados impulsiona agenda ESG no agro
Muitos que buscam a adoção da agenda ESG estão em busca de novos mercados, mas a internacionalização de empresas do agronegócio também traz consigo uma série de particularidades desafiadoras. Sabrina destaca regulamentações e normas específicas de cada país, barreiras comerciais (tarifárias ou não tarifárias), como cotas e barreiras sanitárias, diferenças culturais e preferências alimentares e questões logísticas como fatores que contribuem para esse cenário.
“Como estratégia para essa expansão comercial internacional podemos apontar a necessidade de um estudo detalhado das preferências e das normas do mercado-alvo (ou dos mercados-alvo); o desenvolvimento de parcerias ou alianças comerciais no mercado de destino; o levantamento das certificações necessárias para exportação; a adaptação de produtos, embalagens, rótulos e até mesmo dos processos para garantir a conformidade com as regulamentações locais e a formação de uma equipe capacitada para operar no mercado externo”, pontua.
Para a docente, a adoção de práticas socioambientais também se mostra como ponto fundamental para atender às demandas dos mercados consumidores e consolidar a marca do agro brasileiro no mercado internacional.