Antonina (PR) foi o destino escolhido para realizar uma operação inédita no Brasil de exportação de pellets de madeira à granel. Ao todo, 120 mil toneladas devem passar pelo Porto Ponta do Félix, totalizando 9 navios até o fim do ano. A carga – que até então era exportada por contêineres – está sendo embarcada pelo método bulk, com custos operacionais menores.
O produto é fabricado em Santa Catarina e será desembarcado na Itália – com destino à Dinamarca -, onde será utilizado como insumo em sistemas de calefação.
A primeira exportação foi de 15 mil toneladas, realizada em dezembro de 2021 e o sucesso da operação resultou em um novo contrato para mais navios em 2022.
“A operação de pellets de madeira faz parte da mudança de vocação pela qual o Porto Ponta do Félix está passando nos últimos anos. A ampliação do portfólio nos permitiu operar malte, pellets de cana e madeira, big bags de alimentos e outros produtos à granel”, explica o presidente do Porto Ponta do Félix, Gilberto Birkhan.
Agilidade operacional e redução de custos – Uma das principais vantagens de exportar ou importar por Antonina é a possibilidade de customização das operações. No caso dos pellets, o porto se adapta a necessidade do cliente, atendendo ao fluxo e logística de maneira personalizada. A carga à granel é armazenada em recinto alfandegado, sendo enviada para um único porto na Europa – determinado pelo cliente – e que vai distribuir a carga ao restante do continente utilizando barcaças.
“Justamente por entender que customização é fundamental para atender ao mercado, o Ponta do Félix oferece essa facilidade e agilidade operacional. Também estamos expandindo nossa estrutura, construindo silos para cereais e um novo armazém para fertilizantes. Os investimentos, como no caso dos fertilizantes, permitem que os produtos que chegam ao porto sejam entregues com qualidade aos produtores rurais, garantindo maior integridade das cargas”, destaca o diretor-presidente do FTS Group e acionista do porto, Valdecio Bombonatto.
A expansão em infraestrutura ampliará a atual capacidade estática de 270 mil toneladas para 430 mil toneladas, até início de 2023.
Além disso, o Porto Ponta do Félix também tem como objetivo oferecer alternativas para redução de custos operacionais. O método de operação bulk – nome dado para operação de carga à granel solta, medida por peso – tem apresentado custos inferiores às movimentações feitas por contêineres atualmente.
Para que se tenha ideia, durante a segunda semana de abril, o preço do contêiner de 40 pés chegou a $7,945.31, de acordo com a empresa especialista em consultoria marítima, Drewry Shipping Consultants. O índice composto caiu 1,2% na semana, mas continua 62% maior do que há um ano.
O que é o pellet de madeira
O pellet é feito a partir dos subprodutos da madeira. Considerados importantes recursos energéticos, os pellets são formados por resíduos de biomassa vegetal, como a maravalha de madeira, a serragem, o bagaço de cana-de-açúcar, entre diversos outros.
Compactos, sua geometria regular é apresentada no formato de pequenos cilindros entre 6 e 8 milímetros de diâmetro e de 10 a 40 milímetros de comprimento.
Essa característica garante um baixo teor de umidade, o que permite maior densidade energética, ou seja, mais eficiência. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Biomassa, o pellet de madeira pode ser utilizado como um biocombustível granulado.
Para formar os pellets, essa biomassa é moída e compactada, resultando em um produto resistente ao apodrecimento ou fermentação.
Assim, são fonte de energia renovável e limpa, sendo resultado de combustível sólido gerado a partir de biomassa florestal. Na Europa, os pellets são utilizados em lareiras e sistemas de aquecimento, evitando o uso recorrente de combustíveis derivados do petróleo e evitando maiores danos ao meio ambiente.