Com intuito de debater temas relativos aos custos dos alimentos, disponibilidade e energia mais barata, e a capacidade de interação do setor com a sociedade e o governo, o 10º Congresso Brasileiro do Agronegócio (CBA), organizado pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), que acontece no próximo dia 8 de agosto, reunirá as principais lideranças do setor em São Paulo. No ano passado, o Congresso influenciou as propostas de campanha da então candidata à presidência Dilma Rousseff.
Sem perder a linha de raciocínio desenvolvida nos últimos CBA’s, quando o tema abordado foi a Competitividade das Cadeias Produtivas do Agronegócio, o novo cenário impõe a análise de temas mais específicos que buscam a sustentabilidade do setor, afirmou o presidente da Abag, Carlo Lovatelli, em entrevista exclusiva ao DCI.
“Esse congresso anual é a forma encontrada pela Abag para discutir assuntos pertinentes ao agronegócio brasileiro com seus representantes. E sempre tentamos escolher uma temática que seja atual”, contou. O primeiro tema em debate pelo 10º CBA é em relação ao preço dos combustíveis renováveis e a sua disponibilidade no mercado nacional. Segundo Lovatelli, o elevado custo da gasolina sugere uma profunda reflexão sobre o lento processo de substituição dessa fonte de combustível por alternativas energéticas renováveis, como o biocombustível à base de cana-de-açúcar, e os combustíveis de segunda geração à base de bagaço, algas e outros produtos.
Entre as principais dificuldades encontradas pelo setor sucroalcooleiro para atender a demanda e ampliar a sua oferta de combustível estão os novos investimentos. Para o presidente da Abag, o setor precisa crescer rápido, e para isso é necessária a entrada de novos investidores, principalmente os estrangeiros, que não podem adquirir terras para a produção própria. Neste ano, o Brasil, que terá apenas um projeto de greenfield, que consiste em aportes na produção, transporte e processamento da cana-de-açúcar, ainda se vê às voltas com a discussão a respeito da aquisição de terras por estrangeiros. “Os grupos estrangeiros que investem aqui na cana e em seu processo, estão muito preocupados. São indústrias tradicionais que estão no país há anos, como a Bunge, e temos que ajudá-los. Esse será um dos temas principais do congresso da Abag”, disse. O segundo tema a ser debatido no CBA diz respeito aos altos preços dos alimentos no mercado mundial e qual o papel do Brasil nesse cenário. Lovatelli lembrou que o Brasil tem grande responsabilidade para o abastecimento de alimentos no futuro, e que o setor precisa se firmar para garantir isso. “O preço das commodities agrícolas é debatido no mundo inteiro, e existem interesses de todos os lados para justificar isso, inclusive o espaço que abrimos no mercado mundial que não tínhamos antes, pois estamos fazendo sucesso. A ideia é discutirmos sobre esse tema e entender melhor as suas razões, será que a demanda aumentou muito ou a oferta está mal dirigida?”, argumentou.
Por fim, o congresso ainda reiterará a importância da comunicação entre o campo e os grandes centros urbanos. “A segurança jurídica no campo, além de fórmulas para o aprofundamento da comunicação com os diversos setores da sociedade são pontos importantes e que merecem amplo debate e que, portanto, foram incluídos na pauta das discussões desse CBA”, disse Carlo Lovatelli.
Edição anterior
Na edição do ano passado, o congresso da Abag contou com a participação especial dos três principais candidatos à presidência do País, Dilma Roussef, José Serra e Marina Silva, que foram indagados a respeito dos principais entraves que dificultavam a expansão do agronegócio no País. “Em 2010 tivemos eleições no País, e fizemos uma prospecção entre os associados da Abag para tentar definir quais as grandes demandas do agronegócio. Fizemos algumas questões e as colocamos para os três principais candidatos à presidência, a Marina, o Serra e a Dilma. Esse material foi gravado e levado ao congresso do ano passado e foram discutidas entre as lideranças do setor durante um dia inteiro”, lembrou Locatelli.
Para ele, dos três candidatos, a atual presidente do Brasil, Dilma Roussef, foi a que teve o melhor desempenho. Locatelli destaca que, após o congresso, os problemas levantados foram usados como base para a plataforma eleitoral da presidente Dilma.
“Devo admitir que ela foi muito mais brilhante que os demais, e estava muito preparada. Além disso, a presidente acabou usando parte do nosso material para sua plataforma eleitoral”.
No entanto, nem todos os pleitos foram incluídos na pauta da então candidata, que resolveu não entrar nos méritos de uma união do setor, limitando a apenas um Ministério a responsabilidade por questões ligadas ao agronegócio do País.