Redação AI 19/04/2004 – Segundo maior produtor e exportador de carne de frango do mundo, o Brasil ocupa hoje uma posição de destaque no cenário avícola internacional. Exportando para 122 países, a avicultura brasileira é responsável por 34% das exportações mundiais. Ao repetir o ritmo de crescimento verificado nos último anos, a avicultura nacional deve ultrapassar as exportações dos EUA, maior exportador mundial, dentro de dois anos. Porém, para manter as posições conquistadas, as empresas brasileiras terão de investir em qualidade e segurança alimentar, afim de atender um mercado cada vez mais exigente.
Ao produzir uma carne de frango de extrema qualidade e ao mesmo tempo barata, a avicultura brasileira tem incomodado grandes players do mercado avícola mundial. Esse foi o assunto da palestra de Ariel Antonio Mendes, vice-presidente Técnico/Científico da União Brasileira de Avicultura (UBA), no VI Simpósio Goiano de Avicultura, realizado em Goiânia de 14 a 16 de abril. De acordo com Mendes, além da qualidade e inocuidade dos produtos avícolas, questões como bem-estar animal, cuidados com o meio ambiente entre outras exigências são algumas das barreiras não tarifárias que poderão pautar as exportações mundiais de frango num futuro próximo.
Mendes enumerou, em sua apresentação, uma série de ações governamentais e privadas necessárias para manter os mercados conquistados e a competitividade da avicultura brasileira. Segundo ele, a grande preocupação da avicultura nacional atualmente é manutenção do status sanitário de seu plantel em virtude dos surtos de Influenza Aviária ocorridos no mundo. “O Brasil é o último grande exportador livre dessa enfermidade”, ressaltou. “Tanto o governo quanto a iniciativa privada têm reforçado a defesa da biosseguridade das granjas para proteger nossa avicultura”.
Nitrofuranos e Salmonella
O vice-presidente Técnico/Científico da UBA falou também sobre os recentes problemas enfrentados pelo setor como o caso da detecção de nitrofuranos e da ocorrência de salmonella em partidas de frango exportadas para a Europa e Oriente Médio. “Esses problemas foram enfrentados com muito profissionalismo pelo setor e pelo Ministério da Agricultura”, dsse. “O Programa Nacional de Resíduos Biológicos foi ampliado e a legislação para o controle de salmonella em granjas de avós e matrizes foi modernizada”, completou Mendes. Segundo ele, ainda em abril será implantado o Programa de Redução de Salmonella em Abatedouros de Aves.
As ações para a competitividade
Entre as ações e medidas a serem desenvolvidas e ampliadas pela avicultura nacional, visando manter sua competitividade, Ariel Mendes destacou a implantação de um Programa Oficial de Rastreabilidade, a execução de práticas de GMP, PPHO e HACCP em todos os abatedouros exportadores, a plena implementação do PNSA em todo o território nacional, o reforço do Programa de Vigilância Ativa de I.A. e Doença de Newcastle, entre outras.
Mendes destacou também a necessidade de o País investir na criação da imagem de qualidade do frango brasileiro através da construção do Selo de Qualidade Brazilian Chicken. Também enfatizou a necessidade de o Brasil investir na constante abertura de novos mercados e na ampliação das negociações bilaterais, multilaterais e de blocos. O palestrante enfatizou ainda a importância de o Brasil aumentar sua participação nas reuniões do Codex Alimentarius, da Organização Internacional de Epizootias (OIE) e de outros organismos internacionais. “A Organização Mundial do Comércio toma como base para o estabelecimento de exigências, quanto à qualidade dos produtos comercializados no mercado internacional, as normas do Codex Alimentarius”. Por esse motivo, avaliou o representante da UBA, a participação brasileira nos fóruns internacionais é de suma importância. “Temos de participar da elaboração das regras do jogo sob pena de termos de jogar com as regras dos outros”, advertiu.