Os Estados Unidos produzem etanol a partir dos grãos de milho, diferente do Brasil, cuja produção é obtida quase na totalidade com a utilização de cana-de-açúcar. Especialistas afirmam que o modelo brasileiro é melhor. Além de o combustível nacional ser de melhor qualidade com a utilização de cana, o uso do milho na produção de ração favorece a cadeia de produção de proteínas animais. No entanto, esta realidade pode estar com os dias contados. De acordo com Mario Sergio Cutait, presidente da Federação Internacional da Indústria de Alimentação Animal (IFIF), existe no País um projeto de usinas para a produção de etanol “flex” – ou seja, que poderão se utilizar de grãos de milho, de arroz ou da cana-de-açúcar para a produção do bicombustível. “Isto é muito ruim para o Brasil”, afirmou Cutait na abertura da AveSui América Latina – evento que segue até o dia 04 de abril na Expo Center Norte em São Paulo (SP). “Em meio às preocupações com a questão de crescimento econômico, social e ambiental, precisamos defender uma produção maior de grãos, de modo a atender a demanda, mas sem que se adotem medidas no Brasil, de, por exemplo, utilizar milho para fabricar etanol, como foi comentado nas últimas semanas em Mato Grosso”, disse.
Segundo ele, o preço desta concorrência entre os setores de energia e de nutrição animal será pago pelo consumidor final. “Os custos de produção certamente vão subir, impactando diretamente nas cadeias de proteína animal”, pontua.
Cutait acredita que o setor de proteínas e de alimentação animal devem se posicionar contra a instauração deste modelo de produção de etanol. “As cadeias agropecuária e de bioenergia não devem concorrer. Os dois lados perdem”, concluiu o presidente da IFIF.