O Brasil precisaria investir R$ 40 bilhões em seu sistema portuário para conseguir sanar todos os seus déficits e problemas estruturais. O montante não inclui outros modais de transporte, como ferrovias, hidrovias e rodovias. Este valor de investimento, no entanto, está bem longe de ser alcançado. “O governo federal investe algo próximo a R$ 2 bilhões por ano. Na prática, isto indica que se precisaria de 20 anos para se fazer todos os investimentos necessários. Quer dizer, estamos bem longe de conseguirmos cumprir este valor”, afirma o especialista em Agronegócio Marcos Sawaya Jank. Os números e análises foram apresentados pelo especialista em palestra no Painel Conjuntural, realizado no primeiro dia (14/05) de atividades da AveSui 2013, em Florianópolis (SC).
Segundo Jank, este é um indicativo de que o governo não pode prescindir de investimentos estruturais oriundos da iniciativa privada. Hoje o País investe apenas 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em infraestrutura. Em países desenvolvidos ou com altas taxas de crescimento este percentual chega a 5%. “Um dos maiores problemas do Brasil é o fato de o grosso das arrecadações ser gasto com o pagamento da máquina pública, de juros, de despesas de consumo e de uma série de outras despesas”, reforça o especialista.
A questão é que diante de toda esta destinação das verbas públicas, segundo análise de Jank, sobra uma parcela muito pequena para investimentos estruturais – ou até mesmo em tecnologia e inovação -, que são a base dos ganhos em competitividade e produtividade.
Para o especialista, o setor privado investe menos do que poderia porque há uma insegurança jurídica no País, ocasionada pela falta de marcos regulatórios em muitos setores. Por isto, a chamada MP dos Portos (Medida Provisória 595/2012) é fundamental para estimular os investimentos no sistema portuário brasileiro. “Nessa área de infraestrutura, qualquer investimento é de médio e longo prazo. Ninguém investe em um porto pensando em ter retorno em um ano ou dois. Por isto há a necessidade de uma clara definição das regras do jogo para que o investidor tenha segurança para investir”, reforça Jank.