Nos últimos 12 anos o agronegócio brasileiro mais que dobrou de tamanho. Praticamente em todos os segmentos houve o registro de crescimentos significativos, motivados em muito pelas exportações. Um movimento que não foi acompanhado no mesmo ritmo pela infraestrutura logística, que pouco mudou no País dentro deste mesmo período. “Foram todos crescimentos simultâneos de produção, o que fez com que a pressão sobre a logística aumentasse muito”, explicou Marcos Sawaya Jank, especialista em Agronegócio em sua palestra hoje (14/05) dentro do Painel Conjuntural, na AveSui 2013, em Florianópolis (SC).
O volume de soja produzido no Brasil passou de 42,2 milhões de toneladas na Safra 2000/2001 para as 81,5 milhões de toneladas previstas para a atual. Na mesma comparação, o milho (1ª e 2ª Safra) passou de 42,3 milhões de toneladas para 78 milhões de toneladas. Os números são da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O País é ainda o maior exportador de soja e este ano deve se tornar o maior também em milho. No setor de carnes, a avicultura brasileira produzia 5,98 milhões de toneladas em 2000; hoje, são 12,6 milhões de toneladas, com embarques próximos de 30% deste volume. Em suinocultura, se passou de 1,9 milhão de toneladas produzidas para cerca de 3 milhões de toneladas, com exportações de 581 mil toneladas, dentro da mesma referência de tempo.
“E todos estes crescimentos se afunilam nos portos, que não conseguem escoar a produção. Quando se pensa em milho e soja, fica pior. Porque todo o transporte é feito praticamente via caminhões e se afunilam em praticamente dois portos: Santos e Paranaguá”, ressalta Jank. O resultado são filas nas rodovias, como as vistas no início deste ano. Segundo o especialista, faltam investimentos para reduzir esta dependência do escoamento da produção pelas regiões Sul e Sudeste. “Hoje, 60% dos grãos são produzidos na região Centro-Oeste, a mais de 1500 quilômetros destes portos Não faz sentido trazer tudo para cá”, ressalta.
Uma das alternativas seria o escoamento da produção de grãos pelo chamado “Arco do Norte”, faixa que abrange os Estados do Amapá, Pará, Roraima, Amazonas e Acre. Na região abrangida, estão sendo criados novos portos ou reestruturados os já existentes. “Os investimentos existem, mas não andam na velocidade desejável”, diz Jank. Uma das ações mais importantes e que atrairiam investimentos da iniciativa privada para o sistema portuário seria a aprovação da chamada MP dos Portos (Medida Provisória 595/2012), que segue em discussão no Congresso. A sua aprovação instituiria um marco regulatório que traria maior segurança para os investidores, que temem mudanças de regras para concessões e operações sem uma regulamentação. “A situação existente favorece a burocracia, corporativismo, reserva de mercado e ineficiência. Nós temos que criar uma regra mais nova, que traga o investimento privado. Este é o desafio”, conclui Jank.