A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) divulgou recentemente que será necessário um aumento de 60% na produção agrícola – tanto na produção de alimentos para consumo humano quanto na produção destinada à biocombustíveis – para suprir as necessidades dos nove bilhões de pessoas que deverão habitar o planeta em 2050. Com isso, todas as cadeias da produção animal – incluindo aves, suínos e nutrição animal – têm um enorme desafio pela frente: aumentar sua produção sem perder qualidade, garantindo portanto a segurança de seus produtos. Este foi o mote da palestra de abertura do Painel Conjuntural da AveSui América Latina – evento realizado entre os dias 02 e 04 de abril em São Paulo -, proferida por Mario Sergio Cutait, presidente da Federação Internacional da Indústria de Alimentação Animal (IFIF). Em sua explanação, Cutait acrescentou que a sustentabilidade da produção também é um fator importante a ser considerado neste contexto para se atingir as metas indicadas pela FAO. Porém, agroindústrias, associações de classe, indústrias de rações e fornecedores devem investir em produção sustentável sob uma ótica coerente. “Muito se fala da proteção do meio ambiente, da preservação de rios, lagos e da redução das emissões de gases estufa quando o assunto é sustentabilidade. No entanto, pouco se fala em crescimento de produção e metas de produtividade”, afirma Cutait. “Sustentabilidade é produzir mais e melhor com economia de recursos naturais, favorecendo tanto o meio-ambiente, quanto os produtores”.
Em sua palestra, Cutait enfatizou que a questão sustentabilidade deve ser vista em um prisma ambiental, social, econômico. “A cadeia mundial de proteína animal precisa harmonizar e alinhar quanto vai produzir, de que maneira e onde. Essa tem que ser a premissa básica”. Para ele, a produção de proteína animal – diretamente relacionada com a produção de ração – deve ter sua imagem trabalhada junto aos mercados consumidores para que o conceito de “sustentabilidade” não seja apenas relacionado à preservação do meio-ambiente. “Temos que preservar a natureza sim! No entanto, precisamos explicar para as pessoas que temos o mundo para alimentar e uma discussão sobre o que é produção sustentável se faz necessária”, pontuou o presidente da IFIF. “O consumidor que consumir mais óleo de soja, mais carne e mais leite e ainda defende a preservação do meio ambiente, esquecendo que para se aumentar a produção de alimentos, precisa-se de mais área e tecnologia”.
Desafios – Diminuir o desperdício de recursos naturais com tecnologia de inovação é algo totalmente favorável ao meio ambiente e viável do ponto de vista da cadeia produtiva de proteína animal, de acordo com Cutait. Para ele, esta é a chave para a produção sustentável dentro do setor. Cutait defende que todo os elos do setor de proteína animal precisa definir uma meta para suprir o que dizem as estatísticas da FAO através de reuniões, estabelecendo metas de “o quanto mais o setor deverá produzir, que tecnologia precisará e lógico, respeitando o meio ambiente. Ou então os índices de fome crescerão, com os alimentos mais caros”.