Redação AI (27/04/2006) Métodos de diagnósticos rápidos para Influenza Aviária estão sendo padronizados no Brasil. O projeto está sendo executado por intermédio de uma parceria entre Embrapa (unidades: Recursos Genéticos e Biotecnologia e a de Suínos e Aves), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) – Coordenação Geral de Laboratórios e Lanagro/Campinas (SP) – e o Instituto de Ciências Biomédicas da USP. “Métodos de diagnóstico, mais rápidos e sensíveis e igualmente específicos são mais do que necessários para apoio a programas oficiais de monitoria de Influenza do Ministério da Agricultura e para a identificação precisa dos vírus associados a focos da doença”, comenta a pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, Liana Brentano, em sua palestra, que encerrou agora a pouco o V Seminário Internacional de Aves e Suínos da AveSui.
O RT-PCR (Transcrição Reversa e Reação de Polimerase em Cadeia) e o Real-time RT-PCR, além do seqüencimento de DNA, são as mais utilizadas ferramentas laboratoriais no diagnóstico e investigação epidemiológica dos surtos de Influenza Aviária, seja os ocorridos recentemente na Ásia e Europa ou mesmo os anteriores em outros países. Conforme ressalta Liana, métodos de RT-PCR já estão padronizados para todos os subtipos de Influenza A, por exemplo, pela detecção do gene M que expressa antígeno de grupo comum a todos os vírus e também para a determinação dos subtipos H5 e H7 potencialmente patogênicos para galinhas e perus. Mais recentemente, o teste de RT-PCR em tempo real [Real-time RT-PCR] vem tomando espaço na área de diagnóstico pela maior velocidade e especificidade de resultados, afirma a pesquisadora da Embrapa.
Liana também aponta que o seqüenciamento de DNA será uma valiosa ferramenta para os estudos brasileiros sobre a Influenza. O uso do seqüenciamento de genes dos vírus em análises filogenéticas é essencial para o início de estudos epidemiológicos moleculares ainda inexistente no Brasil – sobre o vírus de Influenza em populações de aves silvestres. ” A análise filogenética com base no seqüenciamento de diferentes genes de vírus de Influenza é o método padrão atualmente utilizado no mundo para rastreamento de possíveis espécies e regiões de origens do vírus”, afirma a pesquisadora.
Espectrometria – A Embrapa trabalha atualmente no desenvolvimento de um novo sistema diagnóstico: espectometria de massa acoplada à cromatografia capilar. De acordo com Liana, por meio dele seria possível identificar fragmentos oriundos da degradação enzimática controlada de pelo menos duas proteínas principais, a hemaglutinina e a neuraminidase, ambas relacionadas à patogenicidade e ao subtipo do vírus. “Este método, que vem sendo executado no Centro de Recursos Genéticos e Biotecnologia da Embrapa em Brasília, sob coordenação do pesquisador Carlos Bloch, demonstrou-se adequado para metodologia de detecção de proteína de origem animal em rações de consumo animal e espera-se poder adaptá-la para a detecção direta de proteínas virais do vírus de Influenza.”
O método permitiria, simultaneamente, num único teste, cujo resultado seria conhecido em poucas horas, o diagnóstico, a determinação do subtipo do vírus e a seqüência de aminoácidos do sítio de clivagem da proteína HA, a partir da qual se avaliaria o potencial de patogenicidade dos vírus identificados. Entre as vantagens listadas por Liana estão a sensibilidade, a enorme rapidez de resultados e a grande capacidade amostral e a simplificação técnica na manipulação do material de campo.
“As propostas do projeto de pesquisa em andamento visam disponibilizar ao agronegócio avícola brasileiro um importante apoio à biossegurança do País e a manutenção de seu mercado de exportação e ao esforço internacional de controle e investigação dos vírus de Influenza,” conclui a pesquisadora da Embrapa.