Os benefícios de investir em qualidade e sanidade dos produtos de origem animal, muitas vezes parecem difíceis de mensurar, pois é somente no momento da exportação que essas decisões irão se converter em acesso a novos mercados e preços melhores pagos aos produtores.
Costuma-se dizer que um país com defesa sanitária bem estruturada não vende apenas o alimento em si, mas sim a segurança alimentar intrínseca a ele. Isso explica porque o Brasil vem se destacando no comércio mundial de material genético avícola, como ovos férteis e pintainhos de um dia (não se trata de pintainhos de corte, mas de pequenas galinhas avós, matrizes e poedeiras).
De acordo com o Relatório 2017 da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em 2016 (dado mais recente), o Paraná liderou as exportações brasileiras destes dois produtos, respondendo por 41,45% dos embarques naquele período. O total exportado pelo Brasil foi de 9.399 toneladas de ovos férteis e 754 toneladas de pintainhos de um dia.
Se o volume parece pequeno, a receita não é. Produto de alto valor agregado, os pintainhos, que carregam genética de primeira qualidade, foram comercializados por um valor médio de US$ 87.274,53 por tonelada. Para efeito de comparação, segundo dados da ABPA, a média de preço de uma tonelada exportada de carne de frango saiu por US$ 1.562,04. Ou seja, a genética de frango vale cerca de 55 vezes mais que a sua proteína para consumo.
A explicação para estes resultados é o bom status sanitário do produto brasileiro, que facilita o acesso a novos mercados. O país é um dos únicos grandes players mundiais do segmento que nunca teve problemas com a influenza aviária, doença contagiosa que já foi registrada em diversos países, dentre eles os maiores exportadores de genética avícola do mundo, como EUA e os países da União Europeia.
“Hoje o Brasil é uma plataforma de exportação de material genético. As grandes casas de genética do mundo construíram plantas no Brasil para fazer um ‘backup’. Se der problema de influenza aviária em uma planta desta empresa na Ásia, por exemplo, elas podem continuar a exportar pelo Brasil”, revela o diretor de relações institucionais da ABPA, Ariel Antônio Mendes.
Ele confirma que o bom momento da genética avícola brasileira esta atrelado ao seu status sanitário. “Em 2016, os principais países exportadores estavam com influenza aviária, então sobrou para o Brasil suprir essa demanda de mercado”, afirma Mendes referindo-se aos crescentes embarques de pintainhos de um dia.