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AveSui 2013

Rostagno: "Queda no uso de antimicrobianos na produção animal é certa"

O uso de aditivos melhoradores de desempenho na indústria de produção animal deverá seguir percepção do consumidor, focando mais em bem-estar e saúde animal.

Rostagno: "Queda no uso de antimicrobianos na produção animal é certa"

A indústria de produção animal passa por um período de dinamismo. Logo, torna-se difícil prever como será o uso de aditivos melhoradores de desempenho para os próximos anos. No entanto, Marcos Rostagno, professor adjunto da Purdue Agriculture/USA e pesquisador do USDA, acredita que a aplicação de antimicrobianos na avicultura deve diminuir ao longo dos anos. Rostagno fez considerações sobre o tema hoje (16/05) durante o Seminário Técnico-Científico da AveSui 2013, em Florianópolis (SC).

Sabe-se que o uso de antimicrobianos – substâncias adicionadas como complemento de uma dieta animal formulada para melhorar desempenho e eficiência da ração – foi fundamental no aumento da produção de alimentos e consequente atendimento da demanda mundial. Mas, há um novo desafio. Do ano 2000 até 2050, a população mundial aumentará cerca de 60-70% e a produção e a demanda por alimentos irá crescer. No entanto, o uso de antimicrobianos está em xeque. Rostagno cita que eficiência e produtividade, segurança alimentar e segurança dos alimentos mantém-se na pauta de produção, mas a percepção do consumidor, que agora tem interesse no processo de produção alimentar, tornou-se fator fundamental na fabricação de alimentos. “O consumidor agora está atento ao bem-estar e saúde dos animais durante o processo produtivo. Além disso, está de olho no uso de aditivos que não identificam como seguros”, explica o pesquisador.

Rostagno salienta que a indústria farmacêutica está ciente da queda da demanda por antimicrobianos, que devem seguir no tratamento de enfermidades, na forma terapêutica, mas serão cada vez menos utilizados como promotores de crescimento ou na prevenção de doenças. “Talvez seja o fim de uma era, pois não há mais interesse da indústria em investir em antomicrobianos. Certamente os aditivos promotores de crescimento hoje serão os aditivos melhoradores de bem-estar e saúde animal”, pontua.

Como consequência desta mudança de mentalidade do consumidor e da nova postura da indústria farmacêutica – baseando-se na realidade europeia, que já reduziu o uso de antimicrobianos – Rostagno prevê queda de produtividade e um aumento de doenças veterinárias e doenças de origem alimentar, de forma direta, na produção animal no mundo. Também prevê, de forma indireta, o aumento de “antimicrobianos alternativos”, da biossegurança e dos custos de produção. “Hoje a indústria tem que se adaptar pra sobreviver. O peso maior da percepção do consumidor e menor na ciência mostra que a disponibilização de novos produtos agora  é baseada em quem compra e não em quem produz”, diz o pesquisador.