O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Daniel Godinho, disse ontem (04/01) que superávit na balança comercial “é sempre positivo, uma vez que impacta positivamente nas contas externas do país”.
Daniel Godinho deu a declaração ao comentar o resultado da balança, que encerrou o ano passado positiva em US$ 19,6 bilhões, mas com queda de 14,1% na média diária das exportações. Foi a queda mais acentuada da média de importações, de 24,3%, garantiu o saldo positivo anual.”É óbvio que queremos, nos próximos anos, registrar superávits com crescimento de exportações. É nisso que nós apostamos”, acrescentou.
Segundo Godinho, o resultado da balança em 2015 até novembro foi responsável pela redução de mais da metade do déficit em transações correntes (compras e vendas de mercadorias e serviços com o resto do mundo) do Brasil. “Quando atualizarmos [o número], [a influência da balança comercial] deve ser ainda mais relevante”, afirmou o secretário de Comércio Exterior.
Ele destacou que houve alta no quantum exportado pelo país e que a queda nos valores exportados reflete a redução de preços principalmente das commodities (produtos básicos com cotação internacional).
De acordo com dados do ministério, o volume total exportado pelo Brasil em 2015 foi de 637,6 milhões de toneladas. O número supera os 576,7 milhões de toneladas registrados em 2014, e é a maior quantidade desde o início da série histórica do governo, em 1997.
Entre os produtos afetados pelo fenômeno da queda de preços estão o minério de ferro, complexo soja e petróleo bruto. Segundo o secretário de Comércio Exterior, eles responderam, juntos, por cerca de 70% da queda total das exportações brasileiras em 2015.
O minério registrou queda de 44,8% no valor exportado, mas alta de 7,6% nas quantidades embarcadas. A soja, recuo de 8,8% no valor vendido e aumento de 20,3% nas quantidades. No caso do petróleo, o valor exportado caiu 27,1% e o volume embarcado subiu 48% em relação a 2014.
Por outro lado, houve itens da pauta de exportações que foram exceções e registraram alta no valor e na quantidade exportadas, mesmo com a tendência mundial de queda de preços. No caso da celulose, o valor exportado cresceu 6,9% e a quantidade, 9,8%, mesmo com queda de 2,7% nos preços no mercado internacional.
Os aviões também estão nesse grupo, com alta de 19% no valor vendido e de 21,9% na quantidade, mesmo com os preços recuando 2,3%. Os automóveis de passageiros tiveram elevação de 6,6% no valor exportado e de 9,9% na quantidade, apesar de queda de 3% nos preços. Conforme Daniel Godinho, nesses casos os volumes embarcados compensaram os preços em baixa.
Em 2015, o Brasil registrou queda no valor exportado para alguns de seus principais parceiros comerciais. As vendas para a China, por exemplo, recuaram 11,3% e para os Estados Unidos, 9,7%. O secretário de Comércio Exterior afirmou que 2015 foi um ano “difícil para o comércio internacional como um todo”.
Para Godinho, os 70 países que representam 90% de todo o comércio internacional tiveram, em conjunto, queda de 11% nas exportações e de 13% nas importações. Ele admitiu ainda que a redução nas importações brasileiras em 2015 esteve relacionada à queda na atividade econômica interna.
O secretário acrescentou que o governo projeta um cenário melhor para 2016, pelo menos para as exportações. Estas, segundo ele, devem ser beneficiadas pelo aumento da safra de grãos e pela expectativa de estabilidade nos preços das commodities agrícolas.
Além disso, o governo prevê dólar que o valorizado continuará ajudando as exportações de manufaturados. O secretário manteve previsão do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Armando Monteiro, de superávit da balança de US$ 35 bilhões em 2016.
Um dos destaques entre os parceiros comerciais do Brasil em 2015 foi a Argentina. Segundo Daniel Godinho, o Brasil reduziu a queda nas exportações para o país vizinho de 27%, em 2014, para 9% em 2015. “Nós apostamos que, mesmo com a desvalorização cambial [na Argentina], temos tudo para aumentar as exportações para lá.”
O novo presidente argentino, Maurício Macri, cumpriu promessa de campanha e eliminou as barreiras comerciais que tornavam difíceis as transações comerciais do Brasil com o país. No entanto, o governo de Macri também derrubou as restrições à compra de dólares, o que provocou uma valorização da moeda norte-americana desfavorável a que a Argentina importe bens.