Redação AI 01/07/2004 – O “Avicultor 2004”, evento promovido pela Associação de Avicultores de Minas Gerais (Avimig) sediou na manhã desta quinta-feira (01/07) a Reunião Regional da União Brasileira de Avicultura (UBA). Os trabalho foram conduzidos por Clóvis Puperi, diretor-executivo da UBA e por Ariel Antônio Mendes, vice-presidente técnico-científico da entidade. Participaram também da reunião, Tarcísio Franco do Amaral, presidente da Avimig, Érico Pozer, presidente da Associação Paulista de Avicultura e José Maria Salgado, diretor-executivo da Avimig. “A realização da reunião regional dentro do Avicultor 2004 é bastante oportuna pois demonstra a preocupação da UBA com as associações regionais e com o desenvolvimento da avicultura brasileira como um todo”, afirmou Puperi. “É também uma excelente oportunidade para que a entidade apresente as ações que vem desenvolvendo ultimamente”.
A atual situação econômica e de produção da avicultura brasileira, o andamento de programas importantes para a manutenção do status sanitário e desenvolvimento do setor, como o Programa de Redução de Salmonela em Abatedouros de Aves, o Programa de Vigilância Ativa para as Doenças de NewCastle e Influenza Aviária e o Programa de Vigilância de Aves Migratórias e a necessidade de regionalização da avicultura brasileira, foram alguns dos assuntos discutidos durante a reunião. Também foram apresentados alguns dados de produção da avicultura nacional registrados entre os meses de janeiro a maio de 2004.
Números – De acordo com Puperi, o alojamento de matrizes de corte nos primeiros cinco meses deste ano foi de 12.916,342, marca 3,1% superior a registrada no mesmo período de 2003. O alojamento de matrizes de ovos vermelhos obteve um crescimento de 4,4% de janeiro a maio, quando comparado aos cinco primeiros meses de 2003. Já o alojamento de matrizes de ovos brancos registrou um decréscimo de 16,5% frente ao alojamento dos primeiros cinco meses de 2003.
Já o alojamento de pintos de corte entre janeiro e maio foi de 1.720.764.306, registrando um crescimento de 10,67% em relação ao mesmo período do ano passado. A produção total de carne de frango nos primeiros cinco meses atingiu a expressiva marca de 3.431.431 toneladas, um incremento de 10,57% em relação aos resultados obtidos no mesmo período de 2003. Para tanto, foram abatidas 1.621.678.584 aves entre janeiro e maio, assinalando um crescimento de 7,75% ante os resultados verificados em 2003. O consumo per capta brasileiro nos primeiros cinco meses de 2004 foi de 34,295 quilos por habitante ano. “Um dos fatores que possibilitou esse crescimento de consumo foi o significativo aumento da carne bovina no mercado nacional”, avaliou Puperi.
As exportações brasileiras também obtiveram bons resultados. Nos primeiros cinco meses deste ano as exportações avícolas cresceram 15%, frente às exportações verificadas no mesmo período de 2003. De janeiro a maio, o setor enviou ao mercado externo 889.431 toneladas. As exportações avícolas renderam nesse período US$ 966.432, um incremento de 50% na arrecadação. “Com esses resultados a avicultura segue sendo o terceiro maior setor exportado brasileiro, atrás apenas dos complexos soja e álcool”, diz Puperi.
Regionalização – A apresentação de Ariel Antonio Mendes, vice-presidente técnico-científico da UBA, abordou as ações da entidade na área técnica e sanitária. A regionalização da avicultura brasileira, ou seja, a organização da produção avícola por estados, é um dos assuntos que tem merecido atenção especial da entidade este ano. Segundo Mendes, o objetivo principal da regionalização é criar condições para no caso de uma doença infecto-contagiosa se estabeleça em algum estado, a mesma fique restrita àquela região, preservando os rebanhos existentes em outras áreas do País. “A regionalização evita que um foco localizado iniba as exportações de outros estados que não foram afetados pela doença”, diz Mendes. O programa de regionalização prevê, entre outras várias medidas, um controle rigoroso do trânsito avícola (pintinho/matrizes/avós) entre os estados brasileiros e a priorização de corredores nos estados para uma fiscalização mais eficaz. Todo o material de descarte avícola teria de ser obrigatoriamente sacrificado dentro das próprias propriedades. Segundo Mendes, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) aprovou o projeto. “Atualmente a UBA o está apresentando para os secretários estaduais de agricultura de vários estados brasileiros”, diz.
Mendes fez também um relato bastante abrangente do andamento de vários programas desenvolvidos pela UBA em parceria com o Mapa. Entre eles o do uso alternativo da cama de frango, esterco de poedeiras e dejetos suínos. Segundo Mendes, em reuniões realizadas nos últimos dois meses, em Brasília, São Paulo e Florianópolis, ficou estabelecido a execução de um maior controle do uso da cama de frango e do esterco de poedeiras, no intuito de garantir a manutenção do status sanitário brasileiro. “O setor avícola assumiu o compromisso de informar e educar os produtores quanto ao uso alternativo da cama e do esterco”. Para isso, além de promover palestras e material informativo a UBA contará também com o auxílio da Embrapa.
Mendes falou também sobre as estratégias adotadas pela UBA em conjunto com o Mapa para prevenir (e/ou controlar) a entrada de doenças no Brasil. Tal trabalho estabelece, por exemplo, o monitoramento (e em alguns casos restrição) da entrada e visita de estrangeiros em propriedades avícolas brasileiras, a exigência de quarentena de 72 horas para visitas em abatedouros e o controle efetivo do ingresso de veículos de carga nas fronteiras brasileiras.
A inspeção mais rigorosa em portos e aeroportos internacionais também é outra medida estratégica que vem sendo adotada. “O Mapa já se prontificou em instalar detectores de matéria orgânica nos aeroportos para diminuir a possibilidade de entrada de alguma doença”, disse Mendes. A importação de material genético também vem seguindo novas regras: só entra no País na forma de ovos férteis. A UBA e o Sindan também estão estudando os riscos de importação de vacinas.
Mendes abordou ainda algumas ações desenvolvidas pela UBA e Mapa para otimizar recursos materiais e humanos para melhorar a eficiência do sistema de defesa sanitária brasileiro. Entre elas, o treinamento sistemático dos GEASES em várias regiões do País e a realização de palestras e treinamento dos próprios produtores.
A UBA está também centrando esforços para a criação de um Fundo de Indenização Nacional. “Estamos estudando a criação de um fundo para arrecadar recursos para a indenização de lotes sacrificados no caso de ocorrência de surtos de doença no Brasil”, explicou Mendes.