Da Redação 23/03/2005 – A Basf diz que vem colhendo agora na América do Sul o que plantou. A empresa alemã registrou resultados superiores a dois dígitos em 2004 e definiu seu plano de investimentos até 2009. A maior empresa química do mundo planeja aplicar nos próximos cinco anos quase 200 milhões de euros na América do Sul. O investimento atenderá a modernização e o aumento da capacidade do seu parque industrial.
O novo ciclo de investimentos, no entanto, contempla um volume inferior ao dos últimos três anos – que foi de cerca de 300 milhões de euros. “Investimos nos tempos ruins para colher nos tempos bons”, disse o presidente da Basf na América do Sul, Rolf-Dieter Acker, se referindo ao atual momento. “Esse investimento é parte do bom resultado da empresa no ano passado”, disse Acker. O Brasil representa mais de 80% das vendas na região.
Graças ao desempenho da divisão agrícola, o lucro operacional da Basf no continente subiu mais de 40% e chegou a quase 300 milhões de euros em 2004. As vendas foram 17% superiores e somaram 2 bilhões de euros. As receitas globais foram de 37 bilhões de euros em 2004.
A empresa, conta seu principal executivo na América do Sul, fez pesados investimentos na região a exemplo da construção em 1999 e a expansão em 2002 da unidade de poliestireno, com capacidade de produzir 140 mil toneladas por ano. “Trata-se de uma planta de escala mundial”.
Acker afirmou que o volume de investimentos poderá ultrapassar os 200 milhões de euros caso a subsidiária apresente projetos competitivos e que o mercado regional se desenvolva mais rapidamente.
A Basf e a Petrobras tinham em mente um plano para a construção de uma unidade de ácido acrílico – matéria-prima usada em fraldas descartáveis. Mas o projeto vem sendo desenhado hoje pela estatal com a Elekeiroz e a Dow Química.
A Basf diz que não desistiu completamente do plano mas avalia que a melhor hora ainda não chegou. “Uma planta rentável deve ter no mínimo 120 mil toneladas, mas vamos esperar o melhor momento”, afirmou Acker. Nas decisões de investimentos tomadas pela matriz, explica, está definido que 50% da produção de um novo investimento deve ser destinado ao mercado doméstico. “O crescimento esperado era maior do que foi a realidade.”
Na área química, Acker, um alemão fluente em português que assumiu a presidência da subsidiária duas semanas antes da desvalorização do real, em janeiro de 1999, disse que a decisão de investimento depende da maturação dos projetos.
“Demoramos um ano para o planejamento, dois anos para a construção e seis a sete anos para reduzir a ociosidade da unidade”, disse Acker. “No início, a planta não é muito rentável.”
Por conta da quase estagnação das economias sul-americanas, uma outra planta de ácido acrílico foi parar na China. E uma unidade, que tem capacidade de 160 mil toneladas anuais, será inaugurada neste ano.
Em 2004, as exportações da Basf se expandiram para 200 milhões de euros, acima dos 140 milhões de euros do ano anterior. Acker não vê problemas no nível atual do dólar para exportar, embora afirme que as bruscas oscilações da moeda acabam afetando as negociações com os clientes.