Da Redação 03/02/2005 – A multinacional alemã Basf decidiu vender sua unidade de defensivos agrícolas, localizada em Resende (RJ), para os cerca de 180 funcionários da própria fábrica. Incentivados pela múlti, esses funcionários constituíram uma empresa, a SoluCia, que deverá entrar em operação com a nova razão social no dia 1o. de março.
Segundo Hans Reiners, presidente mundial da divisão de agroquímicos da Basf, a nova companhia prestará serviços ao grupo alemão no desenvolvimento de formulações para defensivos. Esse modelo de transação, no qual os funcionários assumem a empresa, conhecido como Employee Buy Out (EBO), é inédito na Basf. Reiners afirmou que não há outra operação de EBO em andamento no grupo, mas não descarta que esse tipo de transação possa ser novamente utilizada no futuro.
A expectativa é de que, neste primeiro ano de atividades, o faturamento da SoluCia atinja aproximadamente R$ 50 milhões. Nos próximos dois anos, a empresa prevê investir R$ 24 milhões para elevar sua capacidade produtiva.
O valor do negócio não foi divulgado. Ulrich Meier, que atuava como executivo da unidade de Resende, será o presidente da nova empresa. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) foi procurado para ser um dos parceiros, junto com os funcionários da empresas, que serão acionistas. A proposta está em análise no BNDES e tramita no Departamento de Economia Solidária, segundo a assessoria do banco.
Além de fornecer produtos para a Basf – cerca de 50% de sua produção – a SoluCia também estará livre para negociar contratos com outras empresas de defensivos, alimentos e grupos farmacêuticos.
Segundo Reiners, a Basf concentrará suas formulações de agroquímicos na unidade de Guaratinguetá (SP). A fábrica paulista foi escolhida por apresentar maior escala de produção e por também concentrar, num mesmo complexo, outras divisões de produtos químicos da multinacional alemã.
Com participação de cerca de 17% no mercado brasileiro de agroquímicos, com vendas de 1 bilhão de euros, a Basf está entre as três maiores empresas do setor no país em vendas. A unidade brasileira exporta 15% de sua produção de agroquímicos para América Latina e partes da Europa e da Ásia.
No Brasil, os investimentos para o ciclo 2004/05 estão estimados em US$ 5 milhões, dos quais US$ 1,1 milhão no aumento da capacidade de um princípio ativo, outros US$ 1,3 milhão na ampliação da capacidade da fábrica para a produção de um fungicida destinado ao combate do fungo da ferrugem asiática e o restante na ampliação da unidade de Guaratinguetá.
A companhia continua focando seus negócios em biotecnologia e em princípios ativos para a produção de defensivos. A divisão agrícola da Basf gasta por ano entre 8% e 9% de seu faturamento global em pesquisas. Em 2003, as vendas mundiais de agroquímicos da Basf atingiram 3,2 bilhões de euros. Os resultados globais do ano passado ainda não estão disponíveis e serão divulgados março próximo.