O Brasil possui mais de 38 milhões de cabeças de suínos, a maioria concentrada no sul do País, a maior região produtora. Tais números, levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentam o panorama brasileiro da produção dessa carne que foi destaque na mídia nos últimos dias desde que a China liberou a importação do produto de frigoríficos brasileiros. A novidade impactou na receita do País com as exportações de abril deste ano, que segundo a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), teve aumento de 10,66% nos preços em relação ao mesmo período no ano passado.
Como atividade que vai se consolidando no mercado de carne brasileiro, a cadeia da produção de suínos será tema de discussão e palestra do Congresso Internacional da Carne, que será em Campo Grande (MS), nos dias 7, 8 e 9 de junho. O presidente da Abipecs, Pedro de Camargo Neto, virá para falar sobre a experiência que a instituição vem vivenciando na abertura de novos mercados. “Quero abordar temas como as negociações tarifárias no âmbito de acordos de livre comércio e concentrar-me nas barreiras sanitárias”, informa o palestrante.
O início da comercialização para China deve trazer benefícios, a estimativa é de que com essa primeira abertura, nos próximos cinco anos as exportações brasileiras cheguem a 200 mil toneladas. Para o presidente da Abipecs, agora, as empresas habilitadas a vender para a China têm que procurar uma presença comercial, identificar compradores, representantes comerciais e tradings. “A China é muito grande e seu mercado é segmentado. É preciso conhecer mais sobre como distribuir e vender em todo o país. Em novos mercados, a prioridade é o Japão e a Coreia do Sul, primeiro e terceiro maiores importadores de carne suína”, declara.
Outro desafio para os produtores de suínos é aumentar a demanda por esta carne no Brasil. Mesmo sendo um dos maiores exportadores o País figura entre os que menos consomem a carne suína, com apenas 12 kg per capita ao ano, onde desses, 9 kg são de itens processados como embutidos. Camargo Neto explica que para mudar esse cenário é preciso transformar a opinião pública de que carne suína não é saudável. “Na Abipecs, atuamos em duas frentes de formadores de opinião: junto à classe médica, cardiologistas e nutricionistas e no segmento gourmet. É preciso esclarecer a qualidade da carne suína”, ressalta.
Ovinocultura
Além dos bovinos e suínos o Congresso Internacional da Carne irá tratar também da produção de ovinos. No Brasil são quase 19 milhões de cabeças no total e o maior produtor é o Rio Grande do Sul com 23% do total. Haverá palestras sobre o sistema de produção e comercialização da carne de ovinos. O agrônomo uruguaio, Gianni Bianchi, participa falando da experiência de seu país. Segundo ele, a união dos produtores para a organização da cadeia produtiva é que pode expandir o mercado para as ovelhas e cordeiros.
Em MS
Em Mato Grosso do Sul, anfitrião do Congresso, a produção tanto de suínos quanto de ovinos equivale a 2,8% do total produzido no Brasil. São 1,05 milhão de cabeças suínas e 477 mil cabeças ovinas. Na ovinocultura, os produtores encontram programas de desenvolvimento através da Embrapa e do Sebrae, bem como a formação de um Arranjo Produtivo Local (APL) em Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai.
O Congresso Internacional da Carne é uma realização do International Meat Secretariat (IMS/Opic) em conjunto com a Famasul. O evento tem o apoio do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de MS (Senar/MS), Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de MS (Sebrae), Fundação Educacional para o Desenvolvimento Rural – Funar, Fórum Permanente da Pecuária de Corte da CNA e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), conta com o patrocínio da John Deere, Marfrig, AllFlex, Safe Trace, Valefert e Banco do Brasil e o apoio do Convention Visitor Bureau.