Safra histórica de 26,25 milhões de toneladas de grãos, preços remuneradores para commodities e firmeza do mercado pecuário alicerçam a confiança na 34 Expointer, que será lançada nesta quarta-feira (27), na Capital, um mês antes de sua abertura, em 27 de agosto, no parque Assis Brasil, em Esteio (RS). Frente ao ambiente favorável, lideranças esperam repetir a façanha de 2010, quando a exposição registrou recorde de R$ 1,14 bilhão entre vendas e pedidos. Expectativa partilhada pelo secretário da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi. A rentabilidade positiva para milho e soja deve impulsionar investimentos, bem como a acirrada competição por matéria-prima no setor lácteo. Mas a crise no arroz, a dificuldade de acesso ao crédito e a intensa reposição de máquinas nos últimos dois anos freiam projeções de crescimento. Para o economista Tarcísio Minetto, consultor da Fecoagro, comprar na feira pode ser um bom negócio, mas o produtor tem de estar capitalizado. “A safra foi boa e os preços razoáveis, mas é preciso analisar tendências de mercado de longo prazo e o fluxo de caixa.”
Mesmo com o cenário positivo e a manutenção de programas de estímulo ao consumo, como o Mais Alimentos e o PSI, o presidente do Simers, Claudio Bier, está cauteloso. Diz que as empresas trabalham para manter a alta performance da última edição (R$ 827,5 milhões), mas considera a tarefa árdua. “Eu sou realista, não adianta jogar para torcida. No ano passado, houve uma correria para aproveitar o término do prazo do PSI, o que fez muitos anteciparem compras”, explica Bier.
Para pecuaristas, a evolução comercial das feiras de terneiros e o crédito com prazo de até cinco anos para pagar são indicativos de que a Expointer pode repetir a comercialização inédita de R$ 14,19 milhões em animais ocorrida em 2010, diz o presidente da Comissão de Exposições e Feiras, Francisco Schardong. O presidente do Sindicato dos Leiloeiros, Jarbas Knorr, reforça a tendência. “A retenção de fêmeas é indício claro de elevação da produção de terneiros e, para fazer isso, é preciso de touros.” O leiloeiro Marcelo Silva acrescenta que, em algumas regiões, o preço do boi gordo chega a R$ 3,30 contra R$ 2,80 no ano passado e aposta em reprodutores vendidos entre R$ 6 mil e R$ 7 mil.
Alguns problemas contudo podem inibir aquisições. O presidente da Fetag, Elton Weber, acredita que o ritmo de compras pelos agricultores familiares dependerá do avanço da negociação de dívidas que comprometem o acesso ao crédito. O governo federal deve se posicionar sobre os pleitos até 10 de agosto. A Fetag propõe a diluição de dívidas em 15 anos, o que permitiria o retorno de milhares de inadimplentes ao sistema de crédito e resolveria as atuais as dificuldades de pagamento de quem repactuou em função de revés climático ou baixos preços. “Quem está nesta situação não consegue fazer novos financiamentos ou não vai se arriscar a tomar novos créditos”.