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Em busca de harmonia

O equilíbrio entre o desenvolvimento da suinocultura e o meio ambiente foi o tema discutido ontem (12/04) no Ciclo de Eventos da APCS.

Ciclo de Eventos APCS: Meio ambiente e suinocultura em debate

Redação SI 13/04/04 – A Associação Paulista de Suinocultura (APCS) promoveu ontem (12/04), no auditório da CATI, em Campinas (SP), mais uma edição de seu Ciclo de Eventos. O encontro, que teve como tema “A suinocultura e o meio ambiente em equilíbrio”, reuniu cerca de 70 pessoas.

O engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa, Gustavo J. M. M. Lima abriu as palestras falando sobre como a nutrição pode minimizar o poder poluente dos dejetos suínos. Para ele, a gestão ambiental das propriedades suinícolas é um dos principais desafios da suinocultura moderna. Lima avalia que o quadro atual da suinocultura brasileira necessita de algumas ações corretivas.

“Nutricionista desempenha papel importante para garantir a sustentabilidade da suinocultura”, diz pesquisador

Há no Brasil, segundo o pesquisador, uma alta concentração de animais, grandes quantidade de dejetos em pequenas extensões de terra, sistemas de armazenagem e depuração de dejetos impróprios e excesso de matéria orgânica e mineral nos dejetos. No entanto, diz o pesquisador, é possível transformar essa ameaça em oportunidade. “Uma das soluções mais palpáveis é a utilização dos dejetos como adubo nas pastagens”, diz.

Em sua apresentação, Lima também falou sobre o papel dos técnicos para o desenvolvimento de uma suinocultura ambientalmente sustentável. Para ele, o grande desafio dos técnicos do setor é maximizar a produtividade dos animais e ao mesmo tempo garantir a sustentabilidade da atividade.

Nesse cenário, o nutricionista especializado em suínos pode (e deve) desempenhar um papel importante. Segundo o pesquisador, os excrementos produzidos pelos suínos são conseqüência da quantidade e digestibilidade dos nutrientes fornecidos através da dieta.

Nesse sentido, a grande arma para reduzir o poder poluente dos dejetos suínos seria melhorar a eficiência alimentar dos animais e consequentemente sua produtividade. Para isso, o nutricionista precisa conhecer e atender as exigências nutricionais dos suínos. Ter atenção com a composição do alimento estimulando sua digestibilidade e melhorar a eficiência alimentar da dieta fornecida para os suínos.

Cazarré: “Suinocultura tem grande potencial para a produção de energia”

Biogás –  Na segunda palestra, Marcos Cazarré da Uniquímica e MSC em Engenharia Ambiental, falou sobre a aplicação de Biodigestão no tratamento de dejetos suínos. Segundo ele, a técnica é uma das alternativas que devem ser avaliadas quando o assunto é o destino que deve ser dado aos dejetos suínos. “A técnica do Biogás é uma excelente fonte de geração de energia elétrica e de aquecimento”, avalia. “Também existe a crescente valorização do crédito de carbono, que nada mais é do que o pagamento pelo total de carbono não emitido, previsto no Protocolo de Kioto”.

Cazarré explica que a suinocultura tem um grande potencial para a produção de energia através do sistema de biodigestores. Segundo ele, uma porca de UPL produz 2 Kwh de energia por dia. Já uma porca de ciclo completo produz 3 kwh por dia.

A Biodigestão, segundo Cazarré, é uma técnica antiga, utilizada há milênios antes de Cristo. Na China, por exemplo, existem cerca de 8 milhões de biodigestores de baixa tecnologia. “Esses biodigestores chineses equivalem a 14 Itaipus”, comenta.

Na Europa e América do Norte, são 800 biodigestores em escala rural. “No mundo são mil biodigestores em escala industrial”, completa.

As principais vantagens desse sistema para a suinocultura, segundo Cazarré, são: produção de energia renovável, a mineralização dos nutrientes, redução da área para aplicação na agricultura, redução da matéria orgânica em gases e tecido bacteriano, redução de moscas e mau cheiro na propriedade.