Os participantes do III Congresso Sul-Brasileiro de Avicultura, Suinocultura e Laticínios (Avisulat) que acontece de 21 a 23 de novembro no Fundaparque em Bento Gonçalves, na serra gaúcha, vão conhecer algumas das tecnologias desenvolvidas pela Embrapa Suínos e Aves de Concórdia/SC, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
– MS 115, o “suíno light”
Os suínos de abate gerados a partir dos reprodutores MS 115 consomem menos ração para atingir o peso de abate (115 kg), reduzindo o principal custo da atividade, que é a alimentação. Além disso, os animais de abate também oferecem melhor bonificação da carcaça (as agroindústrias remuneram melhor os animais que apresentam maior quantidade de carne magra). O MS 115 ainda custa menos do que reprodutores das demais linhagens disponíveis no mercado.
A linhagem é resultado de mais de 12 anos em melhoramento genético na área de suínos da Embrapa. Ele sucede ao MS 60 e se adapta plenamente à nova realidade do mercado da carne suína, que exige animais mais pesados para o abate. O abate de animais com 115 kg de peso vivo representa 27,7% a mais de carne na carcaça em comparação com o abate de suínos com 90 kg.
O MS 115 tem potencial genético para carne na carcaça acima de 62%, reduzida espessura de toucinho e ótima conformação, com excelente concentração de carne no lombo, pernil e paleta. A linhagem tem adaptação em todo o território nacional e é livre do gene halotano (HalNN), o que lhe confere maior resistência ao estresse e uma capacidade de produzir carne de melhor qualidade.
– Poedeira Embrapa 051
A Embrapa Suínos e Aves também apresenta no Avisulat a Poedeira Colonial Embrapa 051, que oferece uma produção bem superior às aves coloniais rústicas. Uma galinha colonial comum produz cerca de 80 ovos a cada ciclo. Já a Embrapa 051 atinge de 280 a 300 ovos. Outra característica da poedeira é que ela também é uma galinha híbrida, considerada de duplo propósito, com capacidade para produção de ovos pelas fêmeas e de carne pelos machos (abatidos com 120 dias). A poedeira se destina a criações semiconfinadas ou agroecológicas. Apesar de apresentar características coloniais, ela preserva todas as vantagens da avicultura comercial, como o controle sanitário e a garantia de qualidade do produto oferecido ao consumidor.
A parceria com a Gramado Avicultura permitiu que fossem comercializadas 45 mil poedeiras por mês em 2011, o que equivale a cerca de 2% das poedeiras de ovos vermelhos vendidas no país. Para 2012, a previsão é que sejam vendidas 60 mil poedeiras por mês.
– Dimmer IEM-Lux
O Dimmer IEM-Lux é um controlador eletrônico de luminosidade em aviário que possibilita a compensação de luz levando em consideração o conforto das aves. Controlando a intensidade de luz, o produtor pode simular dia e noite, seguindo inclusive os programas de luz estabelecidos para cada linhagem/lote. Outra vantagem do aparelho é a memória interna, que permite rastrear a programação de luz utilizada. Ao final do lote pode ser avaliado todo o programa de luz que foi utilizado. A economia é outro fator que destaca o aparelho, uma vez que o Dimmer IEM-Lux garante apenas a luz necessária ao ambiente.
O Dimmer IEM-Lux é resultado de uma parceria com um inventor independente do município de Concórdia, que procurou a Embrapa para testar e validar o equipamento. Para a operacionalização de mercado, o Dimmer IEM-Lux é fabricado e comercializado em parceria pela Inobram Automações.
– Bem-estar no embarque de suínos
O bem-estar no embarque de suínos para os frigoríficos não é apenas uma questão de respeito com os animais. Os cuidados também trazem melhores condições de trabalho nas granjas e benefícios econômicos. As recomendações da Embrapa incluem a retirada dos animais das baias, a condução pelo corredor até o embarcadouro e como deve ser construída a rampa de embarque no caminhão.
O trabalho considera a importância de se preocupar com os animais em todos os momentos prévios ao embarque para os frigoríficos e durante o transporte até a chegada aos abatedouros. O principal cuidado que o produtor deve ter nas horas anteriores ao embarque é manter os animais em jejum. Isso é importante por questões de bem-estar, mortalidade, economia e qualidade da carne. A densidade de suínos nos caminhões (que não deve ultrapassar os 235 kg/m2), o tempo de viagem e o comportamento dos motoristas (evitar manobras bruscas, por exemplo), também são cuidados importantes para o bem-estar do animal. O resultado da adoção das práticas de bem-estar reflete no trabalho dos produtores e das agroindústrias.
– CIAS (Central de Inteligência de Aves e Suínos)
Todos os meses, a CIAS informa em seu site na internet (www.cnpsa.embrapa.br/cias) os índices de custos de produção de suínos e aves (ICPSuíno/Embrapa e ICPFrango/Embrapa) e os custos de produção referenciais de suínos e aves nos 11 maiores estados produtores do Brasil. Também podem ser gerados mapas da produção dos países que mais ofertam carne suína e de frango. A CIAS conta ainda com dados sobre a produção de ovos no Brasil e a respeito dos mercados de milho e soja, que influenciam diretamente a suinocultura e avicultura. Acompanham planilhas, gráficos, tabelas e mapas e análises dos pesquisadores da Embrapa e da Conab.
A Central é direcionada para técnicos, representantes, entidades, associações, agroindústrias, universidades, cooperativas, produtores, governo, estudantes ligados às duas cadeias produtivas e também o público em geral. A Central de Inteligência registra acessos de mais de 30 países, com destaque para Portugal, Estados Unidos, Inglaterra, França, Argentina, Espanha, Angola, Japão, Itália, Canadá, Coreia do Sul e Chile.
– Compostagem de dejetos de suínos
A compostagem de dejetos suínos é uma das tecnologias que mais recebeu atenção nos últimos anos da Embrapa Suínos e Aves. O principal resultado prático desse esforço de pesquisa foi o desenvolvimento de uma máquina que mistura os dejetos a um substrato sólido (maravalha, serragem, palha ou cama de aviário). Como produto final, o sistema gera um composto orgânico que pode substituir o adubo químico. O equipamento foi gerado em conjunto pela Embrapa Suínos e Aves e a empresa Bergamini, de Concórdia.
A proposta de compostagem dos dejetos é consequência da experiência acumulada pela Embrapa na criação de suínos em sistemas de criação em cama sobreposta. Em 2005, em parceria com a unidade da Perdigão, em Serafina Corrêa (RS), foram implantadas 11 unidades de compostagem em propriedades produtoras de suínos. Sem mão de obra adicional, os produtores passaram a dar um encaminhamento ambientalmente correto aos dejetos e ainda tiveram à disposição um composto orgânico de qualidade para aplicar na lavoura.
Outra vantagem está na questão ambiental. O sistema de compostagem minimiza significativamente os riscos de poluição ambiental, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa e de odores gerados. Para implantar o sistema de compostagem mecanizado, o produtor precisa investir especialmente na edificação para as leiras e na máquina. O produto gerado é um adubo orgânico, que pode ser vendido.