O primeiro Seminário Tecnológico Internacional, realizado pela Câmara de Exportadores do Norte da Bolívia – Cadexnor, em parceria com a Embrapa Acre (Rio Branco), nos dias 29 e 30 de setembro, marcou a intensificaçao de esforços para fortalecer a integração com países vizinhos.
Pesquisadores e analistas da Unidade, autoridades políticas, empresários, professores e estudantes bolivianos discutiram as potencialidades da biodiversidade da região, visando identificar alternativas para diversificar a produção agrícola, pecuária e florestal na região de fronteira.
O evento aconteceu em Riberalta, cidade da Província Vaca Diez, localizada no Departamento de Beni (Bolívia). A atividade faz parte das estratégicas de articulação de uma agenda de cooperação internacional que vem sendo negociada desde 2008, com o objetivo de promover a transferência de tecnologías para incremento das atividades produtivas naquela região.
As tecnologias da Embrapa Acre, relacionadas ao manejo florestal, castanha-do-brasil, pecuária de leite e corte e integração lavoura-pecuária-floresta foram destaque no evento. A assinatura de uma carta de intenções entre a Cadexnor e Embrapa Acre, selou o interesse das duas instituições na execução de projetos conjuntos, com foco no compartilhamento de conhecimentos científicos e tecnológicos para diversificar a produção, criar novos produtos e melhorar o padrão de exportação dos produtos como forma de garantir o desenvolvimento sustentável da região.
Com uma população de 110 mil habitantes, Riberalta está localizada a 500 quilômetros de Rio Branco (AC). A riqueza da fauna e da flora rendeu ao local o título de Pantanal Boliviano, mas o potencial da floresta ainda é pouco aproveitado comercialmente. Grande parte da população rural sobrevive do extrativismo da castanha-do-brasil, principal atividade econômica da região e fonte de emprego e renda para mais de 25 mil familias.
Potencialidades florestais – A Câmara de Exportadores do Norte da Bolívia – Cadexrnor congrega 22 empresas que trabalham principalmente com o comércio de castanha-do-brasil e madeira. Juntas, exportam anualmente cerca de 20 mil toneladas de amêndoa sem casca, para países da União Européia e Estados Unidos. A atividade madeireira ainda é incipiente, com apenas 2,5% de aproveitamento dos recursos florestais madeireiros. A ausência de tecnologias de processamento da madeira faz com que toda a produção seja vendida em forma de toras.
“Temos matéria prima em abundância, porém falta conhecimento. Queremos investir em tecnologias que permitam melhor aproveitamento das potencialidades das nossas florestas. A parceria com instituições de pesquisa é uma maneira de garantir desenvolvimento para a região de forma sustentável”, diz Harold Claure, gerente de produção da Cadexnor.
A Bolívia é o maior produtor e exportador mundial da castanha, respondendo por cerca de 50% de toda a produção. Segundo Claure, em Riberalta este mercado apresenta sinais de saturação em relação à capacidade de geração de trabalho, sinalizando a necessidade de se investir em novas alternativas para agregar a mão-de-obra no campo.
De acordo com Omar Nuñez Rodriguez, presidente da Cadexnor, a intenção é investir em atividades como psicultura e pecuária, com grande potencial econômico, para ampliar a competividade comercial da região e a oferta de emprego e renda para as familias.
“Na buscando melhorar o aproveitamento dos recursos naturais amazônicos e as condições de vida da população o caminho é investir em tecnologia. Contamos com os conhecimentos da Embrapa por ser uma empresa considerada referência em pesquisas no Brasil e em outros países”, afirma.
Para o pesquisador Elias Miranda, articulador internacional da Embrapa Acre, a ausência de instituições de pesquisa e a carência tecnológica na fronteira remetem à necessidade de integração, gerando oprtunidades de atuação para a Embrapa no exterior. O governo brasileiro estimula a cooperação com países fronteiriços e a Empresa tem interesse no desenvolvimento de projetos conjuntos para melhoria das atividades produtivas nas zonas fronteiriças.
“A transferência de tecnologias é uma maneira eficaz de compartilhar conhecimentos, contribuir para o desenvolvimento econômico e social de populações mais pobres e garantir a sustentabilidade dos biomas amazônicos”, diz Miranda.