Redação SI (19/10/2007) – Os conceitos de zonificação e compartimentalização da produção animal, preconizados pela Organização Internacional de Epizootias (OIE), podem ser úteis para a manutenção da participação brasileira no mercado internacional de proteína animal. Cabe ao Brasil, no entanto, elaborar e, sobretudo, implementar programas (de regionalização e compartimentalização) consistentes para que as iniciativas sejam aceitas pelos países importadores.
O raciocínio acima é de Jamil Gomes de Souza, diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Souza foi um dos palestrantes do Painel Magistral: Conhecimento e tecnologia frente aos desafios da suinocultura, realizado na manhã de sexta-feira (19/10) no 13º Congresso da Abraves.
Souza deu início a sua palestra explicando para os técnicos do setor os conceitos de zonificação e compartimentalização. De acordo com o diretor do Mapa, o primeiro é um procedimento é usado para definir uma sub-população animal dentro de um território de diferentes status zoosanitários para fins de controle ou para o comércio internacional. “Neste caso, os critérios para a definição são geográficos, como divisas administrativas ou barreiras naturais para delimitar determinada região”, explica o especialista. “A zonificação representa uma área claramente delimitada com distinta condição sanitária”, explica.
Já a compartimentalização, segundo Souza, é um procedimento implementado para estabelecer e manter uma sub-população animal com status sanitário diferente dentro deu uma mesma região com o propósito de controle de doenças ou para manutenção do comércio internacional. “A compartimentalização baseia-se em práticas de manejo para distinguir essas populações ou sub-populações”, explica.
Dimensões continentais – De acordo com Souza, embora novos, os conceitos de regionalização e compartimentalização apresentam crescente aceitação no mercado internacional devido ao avanço de doenças como a febre aftosa e a influenza aviária. Segundo o especialista, é possível que um mesmo país trabalhe com ambos os conceitos concomitantemente. “Para um país de dimensões continentais como o Brasil esses conceitos podem ser de grande utilidade”, avalia o especialista.
Segundo Souza, o fato da produção de suínos e aves estar estruturada verticalmente no Brasil, por si só, facilita a implementação da regionalização e/ou de compartimentalização.
O especialista fez questão de deixar claro, no entanto, que para implementá-los é fundamental a participação ativa dos setores público e privado. “A implementação de programas como o de regionalização e compartimentalização depende do empenho de todos os atores envolvidos no setor”, adverte Souza. Segundo ele, os programas precisam ser muito bem elaborados e postos em prática com todo o cuidado para que sejam totalmente confiáveis. “Caso contrário corremos o risco de sermos penalizados pelo mercado”, afirma o diretor do Mapa.