Nos últimos anos ocorreu um amplo crescimento da suinocultura brasileira e a atividade se tornou de suma importância econômica para o Sul e Sudeste brasileiro. A produção conta com cerca de 35 milhões de cabeças e 3,2 milhões de toneladas de carne produzida em 2010, proporcionando a geração de 650 mil empregos diretos e indiretos, sendo a principal atividade econômica de Santa Catarina, por exemplo, com significativa participação no mercado mundial, atingindo já a marca de 11% das exportações.
Há uma perspectiva de aumento tanto das exportações como do consumo interno, apesar das crises financeiras mundiais. Um aspecto negativo aliado a este crescimento é o fato que este ainda está desvinculado de garantia de sustentabilidade ambiental da atividade e esta é uma questão ainda a ser resolvida para que a suinocultura possa atender aos requisitos atuais da sociedade.
A sustentabilidade é um ideal, que deve resultar da busca sistemática do equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a preservação do ecossistema. Atitudes sustentáveis podem ser evidenciadas pela adoção de fonte de energias limpas, razão pela qual algumas empresas têm desenvolvido projetos de sustentabilidade, voltando-se para aproveitamento do gás liberado em aterros sanitários e pela fermentação de resíduos da criação de suínos, que pode gerar energia para ser utilizada na própria atividade, por populações que habitam a proximidade desses locais e, até mesmo, para a venda para o sistema de energia.
Os incentivos à utilização de energias renováveis e o grande interesse que este assunto levantou nos últimos anos deve-se principalmente à conscientização da escassez dos recursos fósseis e hidrológicos e da necessidade de redução das emissões de gases nocivos para a atmosfera, os gases de efeito estufa (GEE). Este interesse deve-se em parte às exigências feitas por países, em especial a União Europeia, dos signatários do Protocolo de Quioto, com envolvimento e comprometimento do Brasil nos fóruns internacionais.
A Associação Paranaense de Suinocultores e o Instituto Brasileiro de Pesquisa para o Desenvolvimento da Suinocultura Sustentável vem neste momento demonstrar sua preocupação e engajamento com esse tema. Queremos estimular a implantação de uma politica de conscientização de redução da emissão de gases, por meio da reestruturação da atividade, que reduzirá significativamente seu potencial poluidor.
A utilização das energias renováveis, como o emprego de resíduos da suinocultura para a produção de energia térmica ou de energia elétrica, deverá se tornar de grande interesse econômico e fator de sustentabilidade da atividade, razão pela qual deve ser avaliada hoje com muita atenção.
Um fato de destaque para a pecuária nacional é a intenção do Brasil em reduzir a emissão de gases do efeito estufa. Visando cumprir com os compromissos de Copenhague, em reduzir as emissões das atividades da produção brasileira de alimentos, foi elaborado o Projeto Agricultura de Baixo Carbono, que aponta para a possibilidade de redução de um bilhão de toneladas de carbono equivalente pelo país, fomentando basicamente a disseminação das técnicas de plantio direto na palha, fixação biológica de nitrogênio, recuperação de pastagens degradadas, sistema de integração lavoura-pecuária-florestas, ampliação da eficiência energética, por meio do uso de biocombustíveis e uso de fontes alternativas de biomassa, emprego de biogás e expansão no aproveitamento da energia eólica. A difusão destas práticas tem potencial para promover a redução nas emissões dos gases de efeito estufa.
Pelo fato do metano compor 60% do biogás, sugere-se um foco ainda maior nesse produto, por haver uma quantidade significativa de biogás que pode ser gerado pela fermentação de dejetos gerados na atividade de suinocultura. A capacidade de produção de biogás se apresenta de forma significativa para a produção de energia e um grande estímulo a esta atividade foi dado por parte da Itaipu Binacional, com o fomento à construção de condomínios de agro-energia, que ajudam a viabilizar o acesso ao mercado consumidor de produtos oriundos da agricultura familiar, a menor unidade produtiva do sistema nacional de produção de alimentos, à geração de energia elétrica. Isso significa uma possibilidade real de se criar uma nova economia, promovida por rendas originadas da geração de energia com os restos de lavoura e dejetos das criações animais.
Diante dessa nova realidade, justifica-se a realização do Congresso Latino Americano de Suinocultura e Sustentabilidade Ambiental (Colassa), com foco na economia pela geração de Biogás e Agricultura de Baixo Carbono, na cidade de Foz do Iguaçu PR, nos dias 28 a 30 de Setembro de 2011.
O Colassa foi pensado com o objetivo de discutir os problemas de sustentabilidade ambiental relacionados à produção de suínos, produção de biogás, bem como o desenvolvimento de uma Agricultura de Baixo Carbono como fonte de sustentabilidade e redução da emissão de gases do efeito estufa.
Também é objetivo deste congresso, a discussão com os organismos governamentais, da definição de uma política específica visando promover e incentivar a utilização e implantação de técnicas de cultivo de agricultura de baixo carbono, com a abertura de linhas de crédito específicas para os interessados, além da utilização dos dejetos da suinocultura para a geração de energia limpa, com a instalação de biodigestores e uso do sistema de compostagem, levando, deste modo, o governo a abraçar a causa e proporcionar financiamentos e promover investimentos, além de políticas nacional e estaduais, para com isso o país poder cumprir o compromisso acordado de redução da emissão dos gases do efeito estufa.
O evento será realizado com fins acadêmicos e comerciais, buscando unir o que há de mais atual em pesquisas acadêmicas e máquinas e equipamentos produzidos para a utilização na atividade.