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Frigoríficos de suínos e aves expandem fronteiras em SC

<p>Após a confirmação de que a Coopercentral Aurora vai instalar uma unidade para abate de aves em Canoinhas, agora é a Sadia que sonda a região.</p>

Redação (03/12/2007)-O planalto norte catarinense começa a entrar no foco de expansão das agroindústrias. Após a confirmação de que a Coopercentral Aurora vai instalar uma unidade para abate de aves em Canoinhas, agora é a Sadia que sonda a região. A empresa enviou técnicos para a região há poucos dias, e agora deverá receber, em sua sede em São Paulo, o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), e o prefeito do município de Mafra, João Alfredo Herbst (PSDB).

A conversa com a Sadia era o principal destaque na página da prefeitura de Mafra na internet na semana passada. "Os contatos vêm sendo feitos há algum tempo, com apoio do secretário estadual da infra-estrutura, Mauro Mariani. O prefeito viajará munido de documentação sobre as potencialidades econômicas de Mafra e dos incentivos a serem concedidos à empresa". Segundo a prefeitura, a reunião em São Paulo será amanhã.

De acordo com informações colhidas em prefeituras, os técnicos da Sadia estiveram na região há cerca de 30 dias. É sabido que visitaram também o pequeno município de Itaiópolis. A empresa estaria interessada na instalação de um frigorífico para suínos, com abate de 5 mil cabeças por dia. Confirmado esse volume, este seria o segundo maior frigorífico do país em capacidade, atrás somente de uma unidade da Perdigão localizada no Centro-Oeste do país. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Sadia informou que de fato estuda o planalto norte catarinense, mas que não há nada definido.

Os municípios também não têm maiores detalhes sobre o novo empreendimento, mas fala-se em um frigorífico moderno – similar a unidades instaladas na Noruega e da Finlândia -, voltado sobretudo às exportações para União Européia e Japão. Ambos os mercados podem iniciar compras do Estado, que conquistou em maio deste ano, junto à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), o status de livre de febre aftosa sem vacinação. Mesmo sem conhecer detalhes e sem garantia de que serão os escolhidos, prefeituras já procuraram terrenos que poderão servir para a empresa. Algumas áreas identificadas poderão inclusive ser doados para abrigar um eventual projeto da Sadia.

Em geral, o planalto norte é formado por pequenos municípios: Itaiópolis tem 20 mil habitantes; Mafra, cerca de 52 mil; e Canoinhas, 53 mil. Ainda há poucas indústrias instaladas na região, onde atualmente as atividades predominantes são madeira e fumo. O prefeito de Itaiópolis, Ivo Gelbcke, diz estar empenhado em levar o frigorífico para o seu município. Destaca que "há mão-de-obra em abundância, enquanto no oeste as indústrias estão com dificuldades de encontrar funcionários". Fala sobre canais hidroviários próximos, como os rios da Estiva e São João, e realça que já existe nos arredores plantio de grãos como milho e soja.

Em cidades como Itaiópolis, as empresas pagam ITR (imposto territorial rural) mais baixo do que costuma ser o IPTU (cobrado em área urbana), e ainda conseguem se enquadrar em programas estaduais de incentivo. Entre esses programas estão o Superprodec e o Pró-emprego, que postergam o pagamento do ICMS. Mas até descontos na conta de energia da Celesc são oferecidos para as empresas que gerarem emprego e renda sobretudo nos municípios que têm baixo índice de desenvolvimento humano (IDH).

Segundo o secretário de obras de Mafra, Luis Cláudio Rodrigues, a manifestação do interesse da empresa pela região já foi feita ao governo do Estado, e agora o prefeito pretende mostrar o perfil sócio-econômico do município e demais atrativos para os executivos em São Paulo, como a logística. O planalto norte, lembra, está próximo a portos importantes como Itajaí e São Francisco do Sul, em Santa Catarina. Outro atrativo é a proximidade com o Paraná – são cerca de 120 quilômetros até Curitiba.

Mafra, por exemplo, está localizada a 204 quilômetros do porto de de Paranaguá, a 222 quilômetros de Itajaí e 159 quilômetros de São Francisco do Sul. A migração das indústrias – tradicionalmente instaladas no oeste catarinense – para uma nova área dentro do próprio Estado é vista com bons olhos pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentos de Santa Catarina, Osvaldo Mafra.

Ele diz que as empresas estão em busca de melhor logística e incentivos fiscais, e que na região elas também têm água em abundância para o processo produtivo. "E mais facilmente as empresas conseguem mão-de-obra. Hoje, no oeste, tem indústria buscando trabalhador em um raio de 60 a 70 quilômetros de distância do frigorífico", diz.

O vice-prefeito de Xanxerê e vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri, afirma que a Sadia também analisa Xanxerê, o que a manteria no oeste do Estado. Ele adianta que até já foi identificada uma área para o projeto, próxima ao Rio Chapecozinho e à subestação de energia da cidade. Mas mesmo Barbieri reconhece os atrativos do planalto norte, incluindo mão-de-obra, potencial para a produção de grãos e incentivos maiores. A decisão da Sadia deve sair ainda em 2008.