Como brasileiro, fiquei muito feliz em assistir ao desempenho do ex-presidente Lula no Seminário “Investindo na África: oportunidades, desafios e instrumentos para cooperação econômica”, realizado no BNDES no dia 03 de maio.
Recebi, na condição de presidente da União Brasileira do Biodiesel – UBRABIO – diretamente da assessoria do ex-presidente no Instituto Lula, convite para participar do mencionado Seminário, alusivo também aos 60 anos de atividades do BNDES.
O governo brasileiro esteve representado na mesa de abertura dos trabalhos pelos ministros Fernando Pimentel – MDIC – e Edison Lobão – MME – além de Luciano Coutinho, Presidente do BNDES.
O ex-presidente chegou ao evento caminhando apoiado em uma bengala. Ouviu os pronunciamentos que antecederam ao seu e iniciou dizendo que há alguns meses não fazia um discurso e pedia antecipadas desculpas se tivesse dificuldades vocais no decorrer de sua exposição.
Começou falando lentamente, mas, em um crescendo, foi se entusiasmando e falou com vigor e naturalidade, demonstrando que avança aceleradamente em seu processo de convalescença. Parecia que nunca estivera doente.
Impressionou a todos quando falou sobre a crise mundial dizendo que o Brasil e a África não foram geradores dela. Que medidas equivocadas para combatê-la – diminuindo empregos e promovendo retrações econômicas, ao mesmo tempo em que jogam grandes volumes de recursos nas mãos de poucos – premiam os originantes da crise e, em muitos casos, aumentam a penalização dos que não a geraram, mas dela são vítimas.
Durante o evento, Carlos Lopes, Secretário-Geral Adjunto da ONU e também Secretário-Executivo da Comissão Econômica para a África, chamou a atenção dos presentes para o fato de que o mundo não percebe que, em termos continentais, o maior aumento percentual de PIB ocorre exatamente no continente africano.
Durante as exposições foi ressaltado que a taxa média de crescimento econômico para os países africanos será de 6% ao ano – entre 2010 e 2040 – e que nos próximos 30 anos o PIB de referidos países vai sextuplicar e a média do rendimento per capita vai subir acima de U$ 10.000,00 em todos eles.
Ficou claro que a população africana aumentará acentuadamente e tornar-se-á cada vez mais urbana, exigindo produção de alimentos, com produtividade resultante de uso de tecnologia.
Haverá necessidade de recursos para investimentos.
O continente africano será, sem dúvida, importante no contexto de comércio internacional.
Agir na interação com a África não é apenas praticar atos de solidariedade necessários de forma imediata para algumas áreas do mencionado continente, mas olhar para o futuro.
Investidores e empresários presentes ao evento informaram de seus investimentos e negócios na África.
O ex-presidente Lula, com visão de longo prazo, age não apenas com solidariedade em relação às áreas africanas carentes de assistência a curto prazo, mas olha para o porvir sabendo da importância para o mundo de uma interação econômica com profundos reflexos sociais.
Gostei do que assisti: plena convalescença do ex-presidente, pronunciando-se com garra e vigor, ao mesmo tempo em que assuntos da maior importância para as economias brasileira, africana e global eram discutidos visando aos avanços na qualidade de vida das pessoas.
Foi gratificante a oportunidade de participar do evento.
Por Odacir Klein, advogado e profissional da área contábil. É sócio da Klein & Associados e coordenador do Fórum Nacional do Milho.
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